A goleada dos rapazes de Coimbra, a maior de sempre em casa do
Benfica, encheu de alegria os adeptos da Briosa e deixou os benfiquistas muito perto de um ataque de nervos. Domingos Paciência deu uma lição a Fernando Chalana e a velha glória encarnada acabou o jogo com o olhar perdido no "terceiro anel".
O
Benfica seguia em segundo lugar, 18 pontos atrás do
FC Porto, e mudara recentemente de treinador, trocando José António Camacho por Fernando Chalana, ele que se tornava no terceiro timoneiro da equipa ao longo da época.
Por sua vez, a Académica, orientada por Domingos Paciência, era 13.ª classificada num total de 16 equipas, quatro pontos acima da linha da água.
Surpresa inicial
O jogo não correu de feição ao
Benfica. A bola parecia queimar nos pés dos jogadores encarnados. Nomes consagrados como Rui Costa, Petit, Nuno Gomes não conseguiam remar contra a maré.
Exemplo disso foi o atraso absurdo de Luisão da direita para a zona central do terreno que Miguel Pedro aproveitou para intercetar e correr sozinho para a baliza benfiquista, contornando com facilidade Quim. Quatro minutos de jogo e o
Benfica já perdia.
Os lisboetas ainda reagiram por Óscar "Tacuara" Cardozo, que teve uma oportunidade incrível, mas o paraguaio não conseguiu bater Pedro Roma. Mas, pouco depois, Luís Aguiar falhou um golo cantado, quando apareceu isolado na cara de Quim e chutou cruzado, com a bola a passar rente ao poste esquerdo.
O Benfica falha, a Académica não perdoa
À meia hora de jogo, após uma falta cometida por Leo na esquerda, Markus Berger aproveitou para fazer o 0x2 na sequência do livre. Era a surpresa total na
Luz... A águia voltou a acordar e Luisão obrigou Pedro Roma a uma grande defesa aos 39', poucos minutos depois do recém-entrado Di María avançar pela esquerda e acertar em cheio no poste da baliza conimbricense.
A Académica acusou o toque e voltou a ameaçar o
Benfica, com Luís Aguiar a obrigar Quim a uma defesa magistral na sequência de um livre superiormente apontado.
Segundo Tempo
Na segunda parte, o
Benfica veio disposto a mudar a história do jogo. Primeiro foi Cristián "Cebolla" Rodríguez a falhar um golo cantado. Pouco depois, novamente o uruguaio, desta vez assistido por Nuno Gomes, a chamar Pedro Roma... que voltou a ser magistral, voando para evitar o golo encarnado.
Aos 65 minutos, deu-se o escândalo completo. Investida da Briosa pela esquerda, Miguel Pedro aproveitou a escorregadela de Nélson, avançou sem problemas até à área, tentou tirar o defesa da frente, ensaiou o remate, às duas tabelas a bola ressaltou para Luís Aguiar e, à terceira, o uruguaio não perdoou, estabelecendo o 0x3 final.
No banco, Fernando Chalana parecia incrédulo, nas bancadas ouviam-se assobios e viam-se muitos adeptos a abandonar o jogo. Até ao fim, o resultado podia ter sido mais escandaloso, uma vez que Edgar falhou o 0x4.
Entre as hostes benfiquistas era a debandada. O cúmulo chegou quando Óscar Cardozo se lesionou a dez minutos do fim e resolveu abandonar o relvado, indo contra a vontade de Chalana e dos colegas que pediam ao paraguaio para continuar em campo. Irredutível, Tacuara saiu para os balneários e deixou Chalana de olhar perdido nas bancadas a procurar alguma ajuda divina, numa imagem que ficou na história do futebol encarnado.