O duelo era pelos milhões e foi o Benfica que saiu mais perto de os segurar. Os encarnados venceram em Braga, este domingo, por 0x2, e ultrapassaram o Braga no 3.º lugar da Liga NOS. Os golos de Rafa e Seferovic selaram o triunfo encarnado, que beneficiou em larga escala da expulsão de Fransérgio na reta final da primeira parte.
Muito dos 45 minutos iniciais na Pedreira jogou-se na metáfora de um xadrez de peças semelhantes. De forma já expectável, Jorge Jesus «respondeu» ao sistema bracarense na mesma moeda, apostando em três centrais e laterais projetados no momento ofensivo. Daí resultou uma história de maior paciência e menor irreverência, mas cedo se percebeu que era o Benfica quem vivia mais confortável no jogo.
E, por isso, o perigo foi sempre mais constante junto à baliza de Matheus do que de Helton Leite. No primeiro quarto de hora, a sociedade Grimaldo e Luca Waldschmidt prometeu resultados, primeiro com o alemão a isolar o espanhol, que viu a «mancha» de Matheus negar a vantagem das águias; a seguir os papéis inverteram-se, mas o remate de Waldschmidt saiu fraco e sem direção.
O jogo dava mais Benfica, porque no meio era capaz de criar mais espaço para estender o seu futebol. Taarabt chegou-se à frente, aos 23', mas sem resultados práticos. Na jogada seguinte, momento de dúvida em Braga. Seferovic é derrubado por Matheus e João Pinheiro aponta para grande penalidade. O VAR foi verificar e a decisão acabou revertida, por posição irregular do suíço.
A noite apresentava dificuldades aos arsenalistas, que sem capacidade para furaram pelo meio procuravam a fuga pelas alas. Galeno e Ricardo Horta puxavam mais para si essa tarefa, mas só aos 33 minutos conseguiram provocar alguma irritaçâo à linha defensiva das águias; na resposta, Seferovic forçou Matheus a uma defesa por instinto após um cabeceamento central.
O momento crítico para a estratégia de Carlos Carvalhal deu-se aos 39 minutos. Fransérgio, que já «carregava» consigo um amarelo, travou Rafa numa saída rápida; João Pinheiro puxou novamente do cartão e deixou os minhotos com dez.
Ainda assim, e antes do golo do Benfica, Lucas Piazón quase aproveitava um erro de Otamendi, mas Helton fez-se grande e manteve o nulo, que no segundo minuto de compensação da primeira parte passou à história. Excelente o passe de Seferovic e colocar Rafa no cara-a-cara com Matheus, que desta vez não teve como evitar o pior. 0x1 para as águias, numa daquelas horas críticas.
Com o xadrez «viciado» pelo desnível numérico de peças, havia, ainda assim, a esperança minhota no aproveitamento das variantes de um jogo. E João Novais esteve muito perto de aproveitar uma delas, quando aos 50 minutos acertou com estrondo na trave da baliza encarnada.
Negados pelo ferro, ao Braga aconteceria pouco depois o knock out na partida. Grimaldo encontrou Seferovic, que num movimento já característico atirou ao poste mais afastado no duelo com Matheus, ampliando a vantagem do Benfica na Pedreira. O resultado ganhava outra consistência e, com menos uma unidade, a vida para os minhotos tornava-se pesada.
Dentro das características de um jogo assim, o Braga forçou o que conseguiu. Teve uma ou outra aproximação prometedora, mas entre más decisões e defesas de Helton Leite, o zero seria o «carrasco» minhoto nesta noite.
Jogo, como era de esperar, com lances difíceis para a equipa de arbitragem. Primeiro, João Pinheiro foi bem auxiliado pelo VAR ao reverter uma grande penalidade a favor do Benfica por fora de jogo de Seferovic. Aos 39', João Pinheiro mostrou segundo amarelo a Fransérgio, num lance em que a admoestação se aceita.
Um golo e uma assistência num jogo com peso no futuro da Liga e, logicamente, do Benfica. A melhor versão de Rafa é um garante para os encarnados, que beneficiam exponencialmente dos rasgos do internacional português. No regresso a uma casa que conhece bem, Rafa mostrou conhecer bem os cantos à Pedreira.
A decisão de João Pinheiro é justificada e não é isso que está em causa, mas antes o que ela representou para o jogo. Num duelo com tamanho aperitivo, a segunda parte acabou por ser menos interessante em virtude das claras limitações do conjunto da casa. Por isso, o clássico foi mais «morno» e menos entusiasmante.