Já não é uma novidade para este Famalicão...Mais uma vez, esta equipa de João Pedro Sousa, que tantas vezes deu espetáculo contra os mais fortes, desiludiu contra aqueles que ocupam a parte inferior da tabela. O Portimonense agradeceu o brinde, num triunfo saboroso por 0x1.
A lutar pelo quinto lugar, os famalicenses deram 45 minutos de avanço, numa primeira parte muito fraca que devia ter resultado numa desvantagem mais clara. Bem se tentou depois do intervalo, mas já era tarde demais.
O calor era tanto que nem as redes da baliza de Gonda resistiram. E o importantíssimo Famalicão x Portimonense começou ligeiramente atrasado. Ainda bem, terão dito todos os intervenientes, pois o calor fez-nos lembrar de todos os contras que o futebol em junho e julho tem. Ninguém pode jogar ao mais alto nível com 30 graus ou mais.
Mas nem essas condições complicadas podem desculpar aquilo que o Famalicão fez durante boa parte dos 45 minutos. Os primeiros 15 foram os piores da época, seguramente. A equipa de João Pedro Sousa somou erros em catadupa, nunca conseguiu construir uma jogada com pés e cabeça e a baliza de Gonda andou sempre muito longe, demasiado para quem não queria perder o comboio europeu.
Não foi só demérito de uns, de todo. O Portimonense merece elogios pelo que fez no início e, essencialmente, no fim. A precisar de pontos, o conjunto algarvio entrou pressionante, agressivo e muito objetivo no momento de atacar a baliza contrária. Deu para um remate à barra de Tabata (que grande desvio de Vaná), mais um par de lances perigosos e, por fim, o golo, por Ricardo Vaz Tê, depois de mais um erro grave do Famalicão no seu primeiro terço.
O quinto classificado da Liga ainda deu um ar de sua graça a partir dos 20 minutos, com Pedro Gonçalves muito forte no transporte e Racic assertivo no passe, o golo podia ter aparecido, é certo, mas seria tão injusto para um Portimonense que nem sempre jogou bem, é certo, mas que nunca perdeu a sua organização.
E se era injusto Paulo Sérgio ir para o intervalo empatado, o que dizer da última dezena de minutos? Mais um sem número de lances perigosos, mais erros e desconcentrações do Fama e um falhanço para a história, por Aylton Boa Morte. Imperdoável, para quem está numa posição tão sensível...
Com os interiores mais perto dos avançados e dos extremos, o Famalicão melhorou muito. Não é só a inteligência da dupla, é a resistência, o transporte, a qualidade técnica e a criatividade que vários problemas causou ao Portimonense. Diogo Gonçalves, depois de uma assistência brilhante de Pedro Gonçalves, esteve muito perto de empatar, mas este era um duelo de grandes defesas e consequentes bolas na barra. Já tinha sido assim com Vaná, voltou a sê-lo com Gonda.
João Pedro Sousa foi chamando ao jogo cada vez mais unidades atacantes, mas o Famalicão desequilibrou-se, descaracterizou-se e teve sempre mais coração do que cabeça. Fatal para os candidatos à Europa, ótima notícia para quem continua a acreditar (e com razão) na permanência.
Completamente transfigurada esta formação de Paulo Sérgio. Não encanta, mas muito dificilmente podia encantar. Em Famalicão, o Portimonense foi uma equipa muito bem organizada e muito objetiva no momento de atacar a baliza adversária. E a atitude, o crer e a personalidade estiveram sempre lá.
Não é o objetivo declarado do Famalicão, mas é um sonho legítimo para quem se encontra no quinto lugar a tão poucas jornadas do final. Caso repita esta primeira parte até à jornada 34, o conjunto de João Pedro Sousa muito dificilmente conseguirá o tão almejado lugar.
Apesar dos vários protestos dos dois bancos, a arbitragem de Fábio Veríssimo foi boa. Nunca perdeu o controlo do jogo e decidiu bem no capítulo disciplinar.