Foi por algo deste género que tanto estivemos a suspirar durante quase três meses: golos, intensidade, vontade de ganhar, tentativas, (muitos) erros, até uma expulsão... futebol, no fundo. O duelo desta noite entre Vitória SC e Sporting teve muito do que tem faltado noutros encontros desta retoma, com dois golos para cada equipa e motivos de interesse do primeiro ao último minuto, que chegou com um 2x2 final. Só mesmo os graves erros defensivos bem mais frequentes do que antes acusaram a pausa.
As falhas surgiram nas balizas logo no primeiro tempo e valeram golos, ninguém se quis ficar pelo 1x1 depois do intervalo e tivemos mais dois golos na segunda metade, num encontro em que Sporar festejou o primeiro bis de leão ao peito e também João Carlos Teixeira e Marcus Edwards redescobriram a sensação ímpar de festejar golos.
Depois de tão longa paragem, e sem o alento vindo das bancadas (que diferença, um Castelo assim...), é mais do que legítimo recear jogos de intensidade baixa. Já vimos uns quantos assim, aliás, mas em Guimarães tivemos uma bela surpresa logo no arranque. Muita entrega, vários momentos de ritmo elevado e por vezes nem parecia que tínhamos estado quase três meses sem futebol. A iniciativa inicial foi do Vitória, que entrou em busca do golo desde muito cedo, mas também os leões tinham a mira apontada à baliza adversária, embora com um ritmo mais baixo e de forma mais ponderada.
Para o Vitória SC, os defeitos estavam em particular na defesa. Lá na frente, Edwards agitou o jogo muito cedo com um remate desviado que fez a bola passar perto do poste, Bondarenko ameaçou no ar num pontapé de canto, havia ameaça ofensiva... mas no processo defensivo surgiam falhas, a tal ponto que o golo inaugural foi um autêntico presente.
Sem Sacko nem Pedro Henrique, a equipa da casa apresentava um 4x3x3 com mexidas na linha defensiva, mas foi o próprio guarda-redes Douglas quem cometeu o primeiro erro capital: bola longa de Acuña desde a esquerda, o guardião brasileiro a sair da grande área para dominar com o peito e a permitir a interceção a Sporar, que só teve mesmo de encostar para uma baliza deserta.
Era algo contra a corrente que surgia o golo do Sporting, mais a castigar uma falha alheia do que a recompensar os visitantes, que também não se livraram da tendência do jogo: erros individuais dos guarda-redes. Se Douglas já tinha falhado, Luís Maximiano também o fez, calculando mal o primeiro passe e entregando a Joseph, médio recuperado de lesão e que já não jogava - imagine-se - desde agosto. O ganês viu João Carlos Teixeira e o criativo português voltou a fazer o que andava a fazer com frequência antes da paragem: marcar golos.
Os leões viam a vantagem fugir, procuravam incutir um pouco mais de ritmo e fazer melhor uso das potencialidades do 3x4x3 que Rúben Amorim repetia ao segundo jogo e que trazia algumas surpresas: os estreantes Eduardo Quaresma (muito seguro) e Matheus Nunes, além de Jovane Cabral, que somou várias arrancadas no fim do primeiro tempo a tentar servir Vietto e Sporar.
O início do segundo tempo não teve a mesma intensidade, mas não seria preciso esperar muito para o marcador voltar a mexer, com um repetente como autor. Jovane lançou um Sporar no limite do fora-de-jogo, o esloveno contornou Douglas e marcou... ainda teve de esperar para festejar, porque o lance começou por ser anulado, mas depois de uma longa demora valeu mesmo o 1x2.
Mas se o Sporting não queria ficar-se pela igualdade, o Vitória SC queria também muito mais, principalmente depois da desvantagem, e a reação voltou a ser eficaz. Num lance confuso à entrada da grande área do Sporting, Davidson chutou contra um adversário e a bola sobrou para Edwards, que repôs o empate no marcador.
A ambição da equipa da casa passava por conseguir ainda mais, mas uma expulsão de Joseph aos 76', por acumulação de amarelos, deixou a equipa de Ivo Vieira debilitada, pese embora a boa entrada de Bruno Duarte. Em vantagem numérica, o Sporting procurou o golo do triunfo, com Jovane e Camacho muito interventivos, mas ficou-se mesmo pelo empate.
O Vitória igualou a pontuação do Rio Ave mas à condição, o Sporting arrisca-se a ver o SC Braga mais longe no terceiro lugar.
Para primeiro jogo das duas equipas após a pausa, tivemos muito bons indicadores ao nível do ritmo de jogo. Houve entrega e vontade de procurar um melhor resultado do início ao fim e ninguém pareceu sair satisfeito com o empate.
Não são os primeiros nesta retoma, mas ambos os guarda-redes cometeram erros crassos que levaram aos primeiros dois golos. O de Douglas foi particularmente gritante, o de Maximiano foi uma execução falhada perante a pressão vitoriana.