Uns moralizados, outros à procura da melhor moral na ressaca de um pós-clássico. O SC Braga, motivadíssimo pelo desempenho europeu, recebeu um ferido Benfica numa Pedreira vestida a rigor e acabou vergado por 0x4, num encontro onde o coração falou muito alto, o cérebro marcou presença de forma pontual, a pujança deu para mudar o rumo e a infelicidade sentenciou o resultado.
Antes do apito final, as novidades. Bruno Lage, face ao onze que disputou o clássico, operou duas mexidas. André Almeida estreou-se oficialmente e voltou a envergar a braçadeira de capitão, ao passo que Adel Taarabt mereceu um voto de confiança, entrando para o lugar de Samaris. A questão da criatividade e a falta de um elemento capaz de assumir o jogo com a bola nos pés deu pano para mangas e o técnico dos encarnados decidiu mudar uma das peças específicas do seu xadrez.
Bom tempo, estádio bem composto. Está assim o ambiente na Pedreira para o Sporting Clube de Braga x Sport Lisboa e Benfica 🔥 #LigaNOS #SCBraga #SLBenfica pic.twitter.com/w8rCNIWnR1
— zerozero (@zerozeropt) September 1, 2019
Do lado bracarense, Ricardo Sá Pinto, colocou Lucas no eixo defensivo (Palhinha permaneceu como médio mais recuado), Galeno na asa direita - mudanças motivadas pelas lesões de Tormena e Wilson Eduardo - e Hassan no lugar de Paulinho como homem mais destacado.
Nas bancadas houve um bonito espetáculo, numa Pedreira com boa moldura humana, e, no relvado, a ansiedade fez-se notar logo de início. Tanto que na primeira metade, o coração sobrepôs-se ao cérebro durante largos minutos. Muita garra, vontade de deixar marca, mas pouca destreza. O arranque foi bem eletrizante, intenso e nem sempre bem jogado, diga-se.
Recuperar, atacar. Recuperar, atacar. A vontade era muita, de facto, mas os erros foram visíveis. Aliás, no meio-campo bracarense (e no setor defensivo) o número de passes falhados acabou por ser algo elevado. Erros esses que não foram, ainda assim, suficientes para provocar oportunidades flagrantes de golo. Foi necessário esperar por uma tremenda asneira de Hassan para lá dos 20 minutos, egípcio que numa terrível ação defensiva dentro da área deu o primeiro golo ao adversário. E, com a vantagem encarnada, a partida espevitou da melhor forma possível.
A partir desse momento, o jogo do Benfica fluiu, o espaço entre linhas foi explorado da melhor forma - RDT usufruiu de toda a liberdade do mundo -, e, por conseguinte, as ocasiões surgiram com frequência. Seferovic, o rosto do desperdício, Raul de Tomas, Pizzi e Ricardo Horta, todos eles poderiam ter mudado o rumo do encontro.
Quase do nada, uma vantagem super confortável para as águias. Avassalador! E o destino ficou traçado, praticamente. Baixou o ritmo, perdeu-se qualidade. Mas se de infelicidade ainda não estavamos conversados, Ricardo Esgaio, azarado, fez questão de carimbar a vitória forasteira. Murilo, em dose dupla, e Novais foram exceção de um Braga cabisbaixo, quase resignado e algo atónito com as constantes alterações no marcador.