Mas o grande impulso viria com a presidência de Joaquim Bogalho. O presidente foi incansável na tentativa de convencer os sócios a ajudarem o clube na construção do estádio. O
Benfica, clube popular por excelência, não tinha condições económicas para construir um novo estádio, e Bogalho pensou que a sua enorme e devotada massa associativa era o maior capital do clube. Não se enganou! Com ajuda de sócios e adeptos, o sonho iria tornar-se realidade....
Fizeram-se quermesses, venderam-se rifas, os sócios ofereceram dinheiro e sacos de cimento, e mais diversos bens para se venderem e serem leiloados.
Inauguração do Estádio de Carnide
A 14 de julho de 1953, o Presidente preside numa cerimónia simbólica, ao arranque da construção do novo Estádio de Carnide. Assim começava uma obra para todos os benfiquistas.
1954, o ano do 50º aniversário do Sport Lisboa, avançou sob o signo do cimento. A obra crescia a «olhos vistos», para gáudio da romaria diária de benfiquistas, que iam ver o seu novo «santuário» crescer ali para os lados de Carnide.
A 1 de dezembro de 1954, dia da Restauração, o Sport Lisboa
Benfica inaugurou o Estádio de Carnide - como então era conhecido - num jogo contra o
FC Porto, que os nortenhos venceram por 1x3.
O estádio encontrava-se nos limites das freguesias de
Benfica e Carnide, na paróquia da
Luz, com sede na vizinha Igreja de Nossa Senhora da
Luz. Apesar do nome oficial ser Estádio do Sport Lisboa e
Benfica, com o passar do tempo, os benfiquistas, e não só, passaram a chamar o estádio de
Luz.
Durante décadas a
Luz foi o palco das grandes conquistas do
Benfica. Foi com o apoio do seu público que o
Benfica caminhou para as suas conquistas europeias e viu Eusébio criar um domínio sem par no futebol luso. Durante anos a
Luz enchia-se para apoiar os rapazes com as camisolas vermelhas, e o apoio era de tal forma incondicional que passou a ser conhecido como o «Inferno da
Luz».
Sporting,
FC Porto,
Real Madrid e tantos outros se vergaram à força da águia, perante uma massa adepta eufórica, que passou também a chamar ao seu estádio de Catedral.
Em 1960 o Estádio foi aumentado, com o começo da construção do terceiro anel e a passagem da lotação para 70 mil lugares. No fim da década, em 1969, o clube acabou por comprar os terrenos da CML onde o estádio se encontrava construído.
O Terceiro Anel
O fecho do Terceiro Anel, um sonho de gerações de benfiquistas, concretizou-se em 1985, permitindo que a lotação subisse para uns imensos 120 mil lugares.
Foi com a lotação a rebentar pelas costuras que o
Benfica eliminaria o Marselha numa histórica, e polémica, meia-final. E nesse mesmo ano, a final do campeonato do mundo de juniores, entre
Portugal e Brasil, a lotação chegou aos 127 mil espetadores, um recorde em
Portugal e em jogos de escalões mais jovens.
O fim
Durante a década de noventa foram colocadas as cadeiras que fizeram baixar a lotação para 73 mil lugares. Já durante a presidência de João Vale e Azevedo, surgiu um projeto de reconstrução e modernização do Estádio da
Luz, para poder acolher o Euro 2004.
Mas com a vitória de Manuel Vilarinho, o projeto foi abandonado e optou-se por construir um novo estádio no mesmo terreno, o que obrigou a demolição da velha «Catedral».
A 22 de março de 2003 o Estádio da
Luz recebeu a sua última partida, um encontro do campeonato nacional, contra o Santa Clara, que o
Benfica venceu por 1x0.
Até à inauguração do novo estádio, o
Benfica jogaria e treinaria em casa emprestada, disputando os seus jogos no Estádio Nacional e treinando em Massamá.
Um mito
Durante décadas, o estádio recebeu alguns dos mais importantes encontros da seleção, assim como alguns dos jogos mais mediáticos alguma vez realizados em
Portugal, como as duas finais europeias: a UEFA em 1983 e a Taça das Taças em 1992.
A
Luz presenciou grandes vitórias do
Benfica, como os cinco golos ao campeoníssimo Real de
Madrid, a qualificação de
Portugal para o Euro 84, com o golo de Jordão, ou a famosa mão de vata contra o Marselha.
Os adversários também tiveram vitórias históricas, como os quatro golos do sportinguista Lourenço, os 0x5 com o
FC Porto, ou a noite de sonho de
George Best e do
Manchester United (1x5).