É uma nova era em Rio Maior, a casa emprestada em que o Casa Pia ainda não tinha conseguido vencer nesta Primeira Liga, uma vez que esse infortúnio foi riscada por Pedro Moreira logo à primeira tentativa.
O pós-Filipe Martins, no que ao campeonato diz respeito, começou com um triunfo por 1-0 na receção ao Portimonense. Fora a inédita festa caseira, destaca-se o fim de uma série de dois meses e meio sem qualquer triunfo nesta prova: já não acontecia desde a quinta jornada!
Foram 22 faces sisudas que entraram em campo para fechar este sábado de futebol de Primeira Liga. Não só pelo minuto de luto silencioso por dois adeptos casapianos, mas principalmente porque ambas as equipas chegaram a este jogo depois de terem sido eliminadas da Taça de Portugal no fim de semana passado, atribuindo agora ainda maior importância ao campeonato.
O Casa Pia tentava inverter a fraca forma que levou à mudança de treinador, enquanto o Portimonense, mais confortável na tabela, procurava mostrar uma boa reação às goleadas sofridas frente ao SC Braga. O jogo não parecia particularmente promissor em termos de qualidade de futebol e potencial para golos, ainda assim, a verdade é que ambas as equipas se mostraram capazes no plano ofensivo.
Tiago Dias foi dínamo ofensivo dos gansos, que por Soma e Vasco Fernandes deixaram escapar ocasiões flagrantes. Os visitantes conseguiram criar ainda mais perigo, com as bolas paradas de Gonçalo Costa em evidência, mas Carrillo e Dener desperdiçaram na cara de Ricardo Batista. Ao intervalo, era evidente que ambas as equipas conheciam o caminho para a baliza, mas nenhuma mostrava boa relação com as redes.
A ausência de Ângelo Neto pesava aos homens de Pedro Moreira - assim como Paulo Sérgio lamentou não ter Carlinhos -, mas acabou por ser uma bênção para o Casa Pia.
No lugar do brasileiro surgiu Samuel Justo, que não se deixou afetar pelo amarelo que viu cedo (até foi o outro médio, Pablo Roberto, que saiu ao intervalo por Beni Mukendi) e fez uma exibição digna de homem do jogo! O jovem de 19 anos, emprestado pelo Sporting, estreou-se a marcar na Primeira Liga com aquele que seria justamente o único golo do jogo, ao picar a bola sobre o guarda-redes adversário.
Seria um golo importantíssimo para o Casa Pia, que assim se colocou no caminho dos três pontos, inéditos em Rio Maior. Conseguiram controlar sem bola, limitando a produção ofensiva do Portimonense, e durante 40 minutos apanharam um só susto...
Foi Midana Cassamá, guineense de 21 anos, que ficou a centímetros da estreia de sonho. Apareceu isolado e bateu o guarda-redes, com uma bola que passou do lado errado do poste. A noite foi a tempo de se tornar em pesadelo nos descontos, quando o jovem algarvio viu o vermelho direto por uma cotovelada infantil. Não estivesse já praticamente selado o destino dos pontos, custaria ainda mais.
Não se pode dizer que tenha revolucionado o Casa Pia, ou sequer que tenha sido melhor do que a versão apresentada por Filipe Martins no fim do seu extenso reinado, mas o treinador escolhido pela direção do Casa Pia deu este sábado um grande passo para o sucesso, tanto no clube como na carreira, ao vencer na sua estreia na Primeira Liga.
Até começou melhor no jogo e certamente lamentará as ocasiões perdidas no decorrer do primeiro tempo, mas era seu dever criar muitas mais no segundo. O Portimonense foi completamente anulado assim que o Casa Pia baixou as linhas, limitando o impacto das cavalgadas de Jasper, e por isso é de forma justa que regressa ao Algarve sem pontos.
Zero minutos de compensação na primeira parte e quatro na segunda: números ajustados e que reforçam o papel da arbitragem num jogo de muito tempo útil. Claro que o relógio acabou por ir até aos 90+8, devido ao incidente de Midama Cassamá, que foi a VAR, já em cima do fim da partida.