O início entusiasmou, a expulsão de Niakaté complicou e, no final, o SC Braga empatou. Assim se resume o filme dos 90 minutos desta quarta-feira na Pedreira, onde a equipa arsenalista empatou a uma bola na receção ao Union Berlin e manteve em aberto a hipótese de seguir para os oitavos de final da Liga dos Campeões, fruto da derrota do Napoli em Madrid.
Os primeiros 30 minutos trouxeram, para além de um total sossego para Matheus, uma equipa bracarense fiel à sua imagem. Forte na reação à perda, paciente na construção e a atrair o adversário para uma ala para depois levar o jogo ao lado contrário, o SC Braga teve mais iniciativa e só não se adiantou bem cedo porque Ronnow se agigantou para travar o remate de Banza.
Com Vítor Carvalho a voltar a ser opção em jogo europeu para reforçar o meio-campo nas tarefas defensivas e funcionar como um terceiro central na construção, os minhotos procuraram de forma constante os alas Borja e Víctor Gómez, convidados quase sempre - em simultâneo - a dar profundidade para libertar Álvaro Djaló para terrenos mais interiores e Ricardo Horta para terrenos que fossem da sua vontade consoante o momento do jogo.
A estratégia era clara: aproximar do último terço pelas alas, recorrendo a Borja e Gómez, e fazer a ligação à zona central na hora de definir o lance. Foi na ligação Borja-Horta que se construiu a grande chance de Banza e em lances do género que surgiram mais aproximações arsenalistas à baliza adversária.
Do outro lado, as dificuldades do Union foram muitas e em todos os departamentos. Gosens e Juranovic ficaram presos às tarefas defensivas e não conseguiram dar corda ao ataque germânico nas alas. Por dentro, Behrens e Volland nunca conseguiram escapar do forte policiamento de José Fonte e Niakaté, tão forte que o maliano acabou por escorregar no relvado molhado, à passagem da meia hora, e apanhou o tornozelo de Volland pelo caminho. Clément Turpin foi ao monitor do VAR e precisou de apenas alguns segundos para decidir: cartão vermelho.
Uma expulsão caída do céu tem o condão de mudar completamente o destino de uma partida de futebol e a Pedreira não foi exceção. A partir do momento que Niakaté deixou o relvado e Artur Jorge recompôs a defesa com a entrada de Serdar para o lugar de Vítor Carvalho, o Union Berlin sentiu que tinha chegado a sua hora.
Garras de fora e os alemães lá chamaram, finalmente, a iniciativa a si. Gosens, desaparecido até então, saltou imediatamente para a frente, encostando na linha de Volland e Behrens e funcionando quase como um extremo. O internacional germânico, de tão má memória para cores portuguesas, lá voltou a ser carrasco e abriu o ativo pouco antes do descanso.
A equipa da casa ainda tinha ficado perto do empate na primeira parte, num lance onde se pediu grande penalidade de Diogo Leite. Não veio no fecho do primeiro ato, veio no início do segundo. Roussillon esqueceu-se de defender, Banza arrastou Khedira com o movimento sem bola e Horta viu Álvaro Djaló na clareira para fazer o empate.
O golo e o apoio do público foram a injeção de adrenalina que os bracarenses precisavam e o encontro, por momentos, voltou à toada inicial, com o SC Braga a não deixar que a inferioridade numérica fosse pretexto para deixar de controlar a partida.
O efeito do golo passou e o encontro voltou a equilibrar. O Union Berlin recompôs-se e ganhou novamente confiança para ter mais bola, mas os anfitriões pareceram sempre confortáveis na defesa da largura e das constantes incursões dos alas contrários, ao mesmo tempo que não se inibiram de procurar a reviravolta no marcador. Porém, a qualidade baixou à medida que o cansaço se apoderou de ambas as equipas, que pareceram conformar-se com o empate perante o aproximar do final.
À entrada para a última jornada, há espaço para sonhar em Braga, mas a água gelada também não está fora de hipótese. A equipa portuguesa mantém o terceiro lugar, agora com quatro pontos, e vai a Nápoles com a hipótese de discutir o apuramento para os oitavos de final... mas também com o risco de nem sequer conseguir garantir a Liga Europa.
O momento de forma do camisola 14 bracarense não é brincadeira. Uma vez mais, foi dos melhores quando a equipa esteve por cima e também quando, nos momentos de aperto, mais precisava de alguém que desse um abanão. Desconcertante e com faro de golo novamente apurado.
Estava a realizar uma boa exibição, mas um erro de cálculo deitou tudo a perder. Entrada imprudente num lance onde não tinha hipótese de ganhar a bola e a este nível, cada erro paga-se caro.