O espetáculo dos insatisfeitos

Foi com um empate (1-1) que terminou o duelo a opor Gil Vicente e Rio Ave. Separadas por dois pontos à entrada para o certame, as distâncias mantém-se entre duas formações que foram do menos bom a um espetáculo emotivo, depois de selada a recolha aos balneário. Expectante no primeiro tempo, o Rio Ave voltou mais expedito, tendo valido a rápida reação de Vítor Campelos nas mexidas efetuadas logo de seguida. No rescaldo, fica a divisão de pontos que certamente não satisfaz em pleno nenhuma das comitivas.

Entre duas equipas conhecidas por praticar futebol positivo, a tarde deste domingo não foi exceção no Cidade de Barcelos. Sem vencer para a Liga desde o início de outubro, pertenceu aos Galos a pulsação inicial de um desafio onde a formação da Caravela muito fez para responder no mesmo tom, ainda que mais na expetativa, na procura de eventuais erros gilistas a sair em ataque organizado.

Apesar do encaixe tático evidente em alguns períodos - Gil resguardou-se em 4-4-2 no momento defensivo, Rio Ave apresentou-se num 5-3-2 -, Costinha sacudiu a monotonia inicial junto das balizas e obrigou o regressado Andrew a uma defesa atenta. O momento traduziu-se num curto período de supremacia vilacondense, devidamente anulada pelo Gil até perto da meia hora.

Entre lances de futebol apoiado, bolas paradas ou aproveitamento da pressão sobre a defensiva forasteira, os Galos procuraram a ribalta, ficando perto desse objetivo pelo alto patrocínio de Roko Baturina. À entrada da área, o ponta de lança croata ficou a escassos centímetros de dar vantagem à equipa de Vítor Campelos.

Até à recolha aos balneários, o caudal vilacondense e o canto do Galo esmoreceram e, com exceção feita ao remate com selo de golo de Emmanuel Boateng que Andrew afastou - com origem numa perda comprometedora de Né Lopes -, só o toque no braço para hipotético castigo máximo do central gilista voltou a agitar as hostilidades.

Por fim, os dotes de artista!

Para a segunda etapa, os pupilos de Luís Freire modificaram o ADN por completo e, com maior agressividade sobre o portador da bola e outra objetividade, encurralaram os minhotos junto à sua área, também fruto da grande influência das ações de Guga e Costinha e companhia.

Miguel Monteiro fez a estreia a marcar pelo Gil Vicente @Catarina Morais / Kapta +

Por essa altura, o assédio à baliza de Andrew tornou-se uma constante e a vantagem rioavista uma confirmação inevitável. Oportunista, Miguel Nóbrega empurrou para o 0-1, depois de surgir ao segundo poste, na recarga a um primeiro ensaio de Boateng na resposta a um livre à esquerda.

Insatisfeito com o rumo dos acontecimentos, Vítor Campelos não perdeu tempo, lançou Tidjany Touré e Miguel Monteiro para o lugar dos apagados Martim Neto e Baturina e o efeito não tardou a chegar.

Lançado na profundidade por Pedro Tiba, coube ao jovem da cantera gilista deixar tudo igual, em grande estilo. Rodeado por três oponentes, Miguel Monteiro disferiu um arco perfeito desde a quina da área vilacondense e levou o Cidade de Barcelos à combustão sonora.

Até ao fim, a incerteza tomou conta dos acontecimentos e as duas equipas dispararam em direção à baliza oposta sem peso na consciência. Tiba sobressaiu na condução do jogo gilista, Boateng manteve-se uma dor de cabeça gigante para a defensiva gilista (vilacondenses voltaram a contestar, desta vez, um penálti sobre o ganês) e Murilo obrigou Jhonatan ao reflexo mais incrível da tarde.

No balanço final, ninguém saiu satisfeito, ficando ainda assim mais uma bela imagem das equipas de média gama da nossa liga.