Ao quarto jogo, a quarta derrota e a eliminação do Benfica da Liga dos Campeões. Parece gozo dizê-lo sobre uma equipa que chegou, com grande valia, aos quartos de final nas duas últimas épocas, mas o resultado até nem foi assim tão mau. Os primeiros 30 minutos foram um descalabro completo, altura em que sofreram três golos e viram a Real Sociedad falhar um penálti. Depois, conseguiram ter momentos de equilíbrio, conseguiram reduzir no arranque do segundo tempo (primeiro golo nesta fase de grupos), mas nada mais. As águias caem da Champions e mesmo o terceiro lugar fica muito complicado.
Na bancada, voltaram a ter adeptos, mas não se pode dizer que tal tenha sido positivo. A mesma razão que os tirou de Milão voltou a verificar-se, com tochas arremessadas a adeptos adversários... e na melhor fase dos encarnados.
A noite dos horrores nem pareceu assim tanto quando estava a meio. Numa primeira parte desastrada, o resultado podia ter sido bem mais desastroso. Em jeito de brincadeira, para algo que não teve qualquer piada para qualquer benfiquista, referimo-nos ao 3-3 porque a Real marcou cinco golos, só que viu dois anulados, e ainda teve um penálti falhado. Caso contrário, o escândalo seria bem maior.
E como se explica? Missão difícil, tão grande como a que as águias tinham. É inegável a qualidade coletiva desta Real e o bom momento de vários dos seus jogadores. Mas também não se pode apagar a grandeza do Benfica e era a esses pergaminhos que a equipa se agarrava para uma segunda volta bem diferente nesta fase de grupos. Talvez não vá ser assim...
À cabeça só vinha Vigo (e já tínhamos falado do terror do Benfica no norte de Espanha), e literalmente mais nada. Porque, no Benfica, o vazio de ideias para contornar o que se estava a viver era enorme.
O último quarto de hora do primeiro tempo foi um pouco melhor, já sem Florentino, com Neves no meio, Aursnes à direita e Jurasek na esquerda. Mas o facto de ser melhor não significou qualquer sensação de controlo. Aliás, continuou a haver só uma baliza, com Oyarzabal a ter a melhor ocasião desse período.
O melhor que podia acontecer ao Benfica no segundo tempo era marcar cedo, para ainda acalentar alguma esperança de pontos e, acima de tudo, para soltar a negra nuvem que se percebia que existia na cabeça dos jogadores. Rafa fê-lo ao minuto 4, a passe de Otamendi, e o jogo entrou num contexto que podia ser favorável.
Esse período enfureceu os espanhóis na bancada, contagiou os jogadores e voltou a tombar ligeiramente o campo para a baliza de Trubin. O meio do segundo tempo teve, portanto, novo ascendente basco à procura do quarto, perante um Benfica muito pouco capaz de dar um impulso final.
João Mário ia tentando orquestrar ataques, mas o fio de jogo era inexistente. Di María era inexistente sem bola e estava habitualmente desenquadrado da equipa no momento da posse, em que baixava para o meio-campo, mas via os colegas procurarem a profundidade de Rafa, presa fácil ao fim de tantas solicitações.
Os três saíram perto do fim, já com a clara ideia de que o jogo estava perdido e que domingo, contra o Sporting, serão necessários. A questão é... terá a equipa capacidade?
Há muito conhecimento, há muito entrosamento e há um sentimento comum, que condiz na perfeição com o País Basco: não há uma estrela a emergir, mas sim uma união total em prol do coletivo. O que a Real fez no começo do jogo também se explica pela eficácia, mas esse foi apenas o último ponto de um conjunto de características da equipa de
Com o histórico recente e a privação de Milão, é ainda mais incompreensível que tenha acontecido. A meio da segunda parte, os adeptos do Benfica voltaram a acender tochas e atiraram duas para bancada onde estavam os da Real. Completamente desnecessário e, por causa de quatro ou cinco, milhares ficam em risco de não poder estar em algum jogo futuro na Europa.