Vai ser certamente dos duelos mais emotivos da 9ªjornada da Liga Betclic! Jogado debaixo de uma intensa intempérie, dérbi do Minho é sempre dérbi do Minho, faça sol ou... muita chuva. Teve várias alternâncias (algumas épicas) no marcador, suspense até ao fim, mas terminou numa igualdade a três bolas (3-3), que não deixa nem Gil Vicente nem SC Braga satisfeitos com o desfecho. Uma verdadeira enxurrada do golo entre vizinhos.
No rescaldo do duelo europeu frente ao Real Madrid, poder-se-ia pensar no cansaço como o maior inimigo dos arsenalistas. Não o foi, como provou o quarto de hora inicial. Perante um Gil Vicente com as linhas bastante compactas, Al Musrati e Zalazar - em crescente influência no coletivo dos Gverreiros - não tiveram problemas em controlar as incidências no miolo. No entanto, o domínio não era sinónimo de desequilíbrios na defensiva gilista, com Vinícius Dias a ser chamado à ação para simples recolhas de bola.
Sem tréguas da forte chuva que destratou o tapete verde do Cidade de Barcelos - esse sim, o inimigo número 1 de visitantes e visitados -, o Gil passou de inofensivo a mortífero, num abrir e fechar de olhos. Félix Correia deixou o primeiro aviso, obrigando Matheus a enlamear o uniforme com um tiro desde a entrada da área. Mote suficiente para a equipa de Vítor Campelos gelar de vez os incansáveis adeptos bracarenses presentes em Barcelos.
O momento fez crescer os Galos, mesmo no meio das partidas que o piso ia pregando. Baturina falhou o bis de forma quase inacreditável em mais um lance pantanoso, com Ricardo Horta - obrigou Vinícius a uma defesa à andebol - e Simon Banza, no mesmo lance, a desperdiçarem a melhor ocasião bracarense até ao descanso.
No reatar, Artur Jorge fez entrar André Horta para o lugar de Zalazar, provavelmente, à procura de maior risco no último passe e, coincidência ou não, o Braga conseguiu crescer de forma automática. Sintoma disso, Abel Ruiz ficou a centímetros do empate com um tiro por cima da barra, mas novo dissabor estava por vir.
Lançado por Félix Correia na profundidade da defensiva bracarense, Baturina acabou derrubado por Niakaté - expulso e lesionado na disputa com o croata -, levando o juiz da partida a apontar de pronto para castigo máximo. Na cobrança, Maxime Domínguez surgiu de forma tão impiedosa como o temporal que se fazia sentir e elevou para 2-0.
Sem tempo a perder, o Braga balanceou-se no ataque, conquistou metros ao Gil Vicente e impediu a mossa total. Banza reduziu para a margem mínima ao aproveitar um lance de pouco esclarecimento da defensiva gilista e, sete minutos depois, sentiu-se o pedraço sonoro novamente a efervescer a loucura bracarense das bancadas. Livre de folha seca batido por André Horta para consumar a igualdade, num lance em que Vinícius, tantas vezes assertivo ao longo da partida, podia ter feito bem melhor.
E como uma infelicidade nunca vem só, novo lance caricato de Vinícius permitiu a épica reviravolta arsenalista. Na tentativa de bombear a bola para a área adversária, André Horta voltou a ser feliz, conferindo a preciosa vantagem ao Gverreiros do Minho, em mais um lance onde o guardião gilista volta a não ficar bem.
Contudo, a alma gilista não desvaneceu, sendo suficiente para Roan Wilson resgatar o 3-3 final, numa emenda preciosa em cima dos 90', que colocou termo à também intempérie de golos que invadiu a reta final da partida.
Num jogo disputado debaixo de condições atmosféricas complicadas, nenhuma das equipas deixou que o fator natural limitasse o espetáculo. É certo que nem sempre foi bem jogado, mas os golos e a emotividade até final compensaram o corajoso público presente no Cidade de Barcelos.
O relvado do Cidade de Barcelos costuma ser conhecido pelo bom trato de que é alvo, mas fruto da chuva intensa que caiu durante os 90', o tapete verde dos gilistas acabou por ficar pesado e com algumas áreas mais «mastigadas» que impediram que a bola fluísse da forma que os jogadores pretendiam.
Conduziu o jogo consoante as suas necessidades. No lance da grande penalidade favorável ao Gil Vicente parece ajuizar bem, ainda que fique no ar o questão em torno do contacto no momento da lesão de Niakaté. A nível disciplinar, manteve um critério homogéneo ao longo da partida.