A masterpiece de Ange Postecoglou não revela limites. Na crueza de Selhurst Park, casa do sempre duro Crystal Palace, o Tottenham passou com distinção e fechou as dez jornadas inaugurais da Premier League sem mácula: oito vitórias, dois empates e a óbvia candidatura a um ceptro que lhe foge desde... 1961.
No dérbi londrino desta sexta-feira à noite, um nome elevou-se sobre os demais: Son Heung-min, o Son of Spurs.
A nona temporada no Tottenham mostra-nos um avançado incansável, contagiante, decisivo na frente e ainda capaz de se entregar às causas mais defensivas. O golo desta noite, oitavo na época, é uma ode à harmonia coletiva que vibra no balneário de Postecoglou.Bola longa de Brennan Johnson para a esquerda, aceleração e passe de James Maddison, com Son a aplicar aquele veneno, absolutamente letal, de sorriso nos lábios. O matador gentil.
Aos 66 minutos, o Tottenham acabava com as dúvidas pois, um pouco antes, um infortúnio de Joel Ward abrira o marcador: passe de Pedro Porro, cruzamento de Pape Sarr e autogolo de Ward, com um desvio indefensável para Sam Johnstone.
Foi essa a forma de abrir a fechadura na baliza do Palace, depois de uns primeiros 45 minutos sem muito para contar. Muito contacto, duelos, bolas divididas, mas pouco futebol.
Por falar em Porro, vale a pena dizer que o lateral ex-Sporting esteve péssimo no golo de honra do Crystal Palace. Uma bola longa, que pedia concentração e posicionamento para um bom cabeceamento, acabou por encontrar o peito de Jordan Ayew. O remate, fortíssimo, fechou as contas em 1-2, aos 90+4.
Criou a sensação de caos, sem alterar a natural ordem das coisas: os Spurs foram melhores e venceram.
Com este Tottenham, motivado e competente, não há jogos fechados. O canivete de Ange Postecoglou chama-se Son, filho destes Spurs. Joga, faz jogar e marca.
1-2 | ||
Joel Ward 53' (p.b.) Jordan Ayew 90' | Son Heung-min 66' |