Sábado de festa para o Benfica, mas a felicidade nasceu dos largos minutos de frustração que foram vividos no reduto do último classificado da Liga Portugal Betclic. Sem facilidades, o campeão nacional chegou ao único golo do jogo já nos descontos. O marcador? António Silva, um jovem que se sente mais confortável do que ninguém na Amoreira, onde marcou pela terceira vez em dois jogos.
A águia lidera novamente, mas só segurará esse posto durante a pausa internacional que se segue se vir o Sporting deslizar no domingo. Se houve alívio de um lado da 2ª circular, a pressão voltou a subir no outro.
No dia 6 de novembro do ano passado o Benfica visitou o Estoril Praia, então comandado por Nélson Veríssimo, e goleou por 1-5, atingindo os oito pontos de vantagem numa Primeira Liga que liderava de forma invicta.
Este sábado, 11 meses e um dia depois dessa não rara demonstração de superioridade de Schmidt, a história ameaçou ser um total oposto desse dia, mas acabou por ter o mesmo desfecho...
🇵🇹António Silva faz o primeiro golo que valeu a vitória ao Benfica.
O defesa marcou o 3.º golo ao Estoril, a sua maior vítima (50% dos golos que marcou por equipas principais). pic.twitter.com/jbUtz5QS21
— Playmaker (@playmaker_PT) October 7, 2023
Ora, onde há um ano houve Petar Musa a abrir o caminho dos golos na ausência do habitual titular (saudoso Ramos...), houve nesta ocasião Casper Tengstedt, que não conseguiu brilhar na primeira titularidade em Portugal e sem marcar saiu do campo, curiosamente para a entrada desse ponta de lança croata.
Do outro lado da moeda, as semelhanças. Se nesse dia António Silva foi a cara da tranquilidade, com um bis que deixou as águias com três golos de vantagem para os canários ao intervalo, desta vez o jovem defesa central foi inequivocamente decisivo ao marcar o golo da vitória nos descontos!
Antes do jogo Vasco Seabra prometeu fechar os caminhos ao jogo interior do Benfica... e conseguiu! Durante toda a primeira parte limitou as chegadas do adversário à sua área e ainda conseguiu várias vezes trabalhar bem a transição ofensiva, de uma forma que fez a sua equipa acreditar que poderia pontuar.
O Benfica estava por cima, naturalmente, mas o nulo ao intervalo também não surpreendia. Aliás, foi o terceiro jogo consecutivo, quinta vez nas 11 partidas disputadas esta época, que os encarnados recolheram ao balneário com um 0-0.
O marcador vazio não pressionou Schmidt, que evitou mexidas prematuras. Por consequência a equipa continuou igual: mais bola que o adversário, mas não necessariamente ameaçadora. Prova disso é o lance do 54º minuto, em que a águia chega pela primeira vez a uma zona de perigo, mas peca no último passe e assim permite um contra-ataque em que Heriberto Tavares, ex-Benfica, acertou em cheio no ferro.
Esse susto alimentou os nervos, que cresceram a pulso nas bancadas e mais lentamente na equipa visitante. Tranquilidade efémera no momento em que foi assinalada uma grande penalidade sobre Chiquinho, mas as imagens do VAR comprovaram que Koindredi acertou na bola primeiro e o nulo manteve-se vivo. Aí, sim, mexidas: João Neves e Petar Musa lá para dentro.
Um mergulho para os pontos, por parte do jovem defesa, levou a equipa e os adeptos visitantes à loucura. Em sentido inverso caíram os ânimos dos mais afetos à equipa da casa, condenados a permanecer no fundo da tabela durante pelo menos mais duas semanas.
Já em cima do apito final foi o Estoril que ameaçou novo empate, mas António Silva reforçou o seu estatuto de incontornável figura da noite e fez o corte decisivo. É, sem qualquer dúvida, a Amoreira do António!
Se as coisas não estão a correr bem ao Benfica na Liga dos Campeões, o mesmo não se pode dizer acerca do campeonato. A águia perdeu no jogo inaugural da prova, mas desde aí mantém o pleno de vitórias e aperta com os rivais ao ponto de ser líder provisório. Do outro lado da tabela, o Estoril segue no último posto e volta a não pontuar ao segundo jogo de Vasco Seabra, mas tal como na derrota em Guimarães deu sinais de que ainda pode ser uma equipa competente e fugir à zona vermelha.
O Benfica saiu ileso desta visita ao último classificado da Liga, mas isso facilmente podia não ter acontecido. A vitória foi merecida, isso não é colocado em causa, mas Roger Schmidt teria muita culpa caso ela não tivesse chegado. O problema não foi a rotação no onze, mas sim o tempo que demorou a mexer com o jogo ou até mesmo a reagir ao mesmo. Depois correu um grande risco ao tirar Jurasek no momento em que o checo estava a ser o elemento mais perigoso da equipa.