A águia reclamou o trono da Liga Portugal Betclic, ao dar continuidade ao pleno de vitórias que tem conquistado desde uma infeliz primeira jornada. É agora líder, mesmo que à condição.
A águia reclamou também a sua casa, depois de duas temporadas em que tombou frente a este dragão no Estádio da Luz. Schmidt seguiu o exemplo da Supertaça, não os erros da temporada passada.
Um Clássico de ansiedades e das frustrações, a guerra habitual, até ser Clássico de festa para o lado encarnado das trincheiras. Um Clássico de casos ligados a cartões e à respetiva cor (o encarnado da festa). Polémica que não é propriamente rara, mas foi, uma vez mais, potencialmente decisiva.
Na ausência, tão lamentada por Conceição, dos líderes defensivos (Pepe e Marcano), o FC Porto alinhou na Luz com Fábio Cardoso e David Carmo. A esperança do lado azul era que essa segunda parelha conseguisse passar o teste com segurança, mas essa foi um desejo riscado pela frustração (ao mesmo tempo era riscada, também, a crença daqueles que imaginavam um Clássico sem casos).
Zé Pedro, central da equipa B dos Dragões, entrou para a sua estreia na Primeira Liga aos 26 anos. Teste de fogo num palco particularmente inflamável...Tudo ficou perto de arder de vez quando, pouco depois, houve novo caso semelhante.
Ora, se a expulsão de Fábio Cardoso aconteceu, mesmo que pareça ter sido algo exagerada, então o mesmo podia ter acontecido a David Carmo aos 34 minutos, quando cometeu uma infração semelhante - quiçá ligeiramente mais grave - mas apenas viu o amarelo. Estaria o árbitro a tentar compensar um erro anterior com novo erro? Também isso seria um «clássico» do futebol português...
Num jogo deste calibre, por tudo o que acarreta, a ansiedade é quase tanta para os adeptos como para aqueles que pisam o relvado. Para ambos, é um sentimento que se intensifica com o apito inicial, que neste caso tinha surgido imediatamente a seguir a um belo espetáculo de luzes, mas desta vez essa ansiedade pareceu ter-se multiplicado com o decorrer e desequilibrar do encontro. De um lado pelas circunstâncias adversas, do outro pela crescente obrigação de vencer.
Claro que o FC Porto, mesmo com 10, foi várias vezes perigoso no contra-ataque, ainda assim, era Roger Schmidt que ocupava o lugar do condutor na maior parte dos momentos do jogo. O Benfica só não criava uma terceira vantagem (a do marcador) por dificuldades no último terço, mas bastaria um lance para corrigir isso.
Foi já na segunda parte, talvez com algumas correções à mistura, que o golo chegou. Depois de Kokçu atirar ao poste, de ameaças de Neres e Otamendi, foi Ángel Di María, o campeão do Mundo, que levou a Luz ao céu quando rematou para o 1-0, de primeira, após um passe que voltou a isolar Neres como o rei de assistências na Liga. Já leva quatro, o brasileiro.
Embora provisório, há novo líder na tabela classificativa da maior competição portuguesa. Pela primeira vez em 2023/24 é o Benfica que ocupa esse posto, restando apenas saber se por lá continuará.
Não é fácil arbitrar um Clássico e por esse motivo há sempre empatia por quem desempenha essa função, mas há, também, dúvidas acerca de algumas decisões. O jogo fica marcado por duas faltas por centrais do FC Porto: um foi expulso e o outro não, o que não condiz necessariamente com os lances em causa.
Campeões do Mundo no futebol português, bela visão. Se Otamendi (e Enzo...) foram importantes no último título do Benfica, então o regresso de Di María parece ser uma boa aposta para que a festa se repita. O argentino foi decisivo neste Clássico, ao marcar depois de um passe decisivo de um colega com quem raramente tinha jogado: David Neres. A compatibilidade alegada por Schmidt foi comprovada esta noite.
Benfica e FC Porto com liderança à mercê do resultado, as circunstâncias perfeitas para que um jogo de futebol pare o país. Assim sendo, o ideal seria que o jogo pudesse ser contemplado na sua melhor versão, mas infelizmente essa só foi sequer possível durante 19 minutos, até que uma expulsão mudou o desenrolar e desfecho da história.