Como é que é a expressão? «Para todos as discussões há dois lados», ou algo do género...Pois é, este jogo é mesmo o poster para esse «dizer». É que há sempre um assunto que levanta imensas dúvidas, especialmente a quem vos escreve. Será que as paragens para seleções ajudam? Pois bem, saiu-se de Barcelos sem resposta. Ajudou o Gil Vicente e parece ter prejudicado (e muito) o Estoril, avaliando pelos primeiros 60 minutos.
Eram duas equipas que chegam a esta jornada exatamente iguais. Três pontos, série de derrotas (duas para o Estoril e três para o Gil) e futebol não muito atrativo. Por isso, quando chegou a paragem para seleções, o aproveitamento dessas duas semanas tinha o potencial para ser igual. Não foi. Aliás, pode-se até dizer que foi o exato oposto. O Estoril teve uma tarde para esquecer (aquela primeira parte...) e o Gil Vicente voltou às vitórias como uma exibição que começou por encantar, mas que terminou a preocupar. Algo estranho de se dizer sobre uma equipa que marcou cinco golos, mas já lá vamos.
Chegava a motivar sorrisos na bancada, e até na zona de imprensa, ver a forma como o Estoril se estava a apresentar. Holsgrove parecia que só conseguia passar para trás e a saída de bola terminava, invariavelmente, com um pontapé para a frente. Ainda assim, sem que nada o pudesse prever, o empate esteve muito perto de acontecer. Antes disso, convém dizer que o Gil ficou muito perto de fazer 2-0, numa recuperação alta e num lance em que Dani Figueira negou o golo a Depú (excelente aposta para o 11).
Então, o Estoril teve duas oportunidades seguidas e o golo só não apareceu por manifesto azar. Primeiro, Volnei, de livre, acerta no poste e ainda viu Cassiano falhar a recarga de forma quase escandalosa. Depois, Leonardo Buta, numa desatenção impressionante, isolou Heri, mas este perdeu-se em toques e só rematou à figura.
Estes momentos deram esperança a um descontente Álvaro Pacheco, mas depois disso... descalabro. Dois ataques do Gil e dois golos. Primeiro por Maxime Dominguez (teve tempo para correr, rematar, ganhar a própria recarga e fuzilar) e depois, de grande penalidade a castigar uma mão ostensiva de Heri, por Murilo.
Sem grandes surpresas, Álvaro Pacheco fez três mexidas ao intervalo e ao fim de cinco minutos já estava a reduzir, de grande penalidade, por Cassiano. O Estoril estava mais capaz no ataque, era claro isso, mas os problemas eram atrás, especialmente na zona mais recuada do meio-campo. De tal forma que, pouco depois do 3-1, Félix Correia fez o 4-1, novamente com um remate à entrada da área, onde encontrou muito espaço.
Perceba-se que a vitória dos minhotos é justa, mas aquilo que se assistiu nos minutos finais foi um descalabro em todos os sentidos. Quem esteve no estádio terá ficado com a imagem de Vítor Campelos na memória. Certamente que o técnico, com as mãos na ancas, se estava o perguntar: «o que raio está a acontecer??» Cada vez que o Estoril ia ao ataque era um lance de perigo. Cassiano teve dois lances claros de golo (um no poste e um em que chega atrasado), depois, o mesmo Cassiano, fez um golo de bicicleta estrondoso.
Os duelos, que antes eram todos conquistados pelos gilistas, passaram para os de verde e até os adeptos começam a ficar com a ideia que se o jogo tivesse muito mais tempo e os três pontos podiam mesmo fugir. Será que os jogadores do Gil Vicente desligaram totalmente do jogo? Campelos terá de perceber isso.
Para fechar, convém reconhecer que não é todos os dias que se pode assistir a oito golos num só jogo. Muitos erros. fases negras (de ambas as equipas), mas o que fica é uma vitória de 5-3 (!) e muitas preocupações para Álvaro Pacheco, mas também (algumas) para Vítor Campelos.
Podia ser elogiada a exibição dos primeiros 60 minutos do Gil, mas acaba por ser mais importante destacar os oito golos. Remates de fora da área, penáltis, contra-ataques, cantos e até de bicicleta. Deu para tudo. É verdade que muitos deles chegam através de problemas dos adversários, mas foram oito.
A entrada é péssima e o arranque da segunda parte (apesar do golo) também. Tanto desnorte, erros, passes falhados e até discussões entre colegas. Felizmente a equipa reagiu na reta fina, porque senão poderia ser muito complicado justificar uma exibição destas.
Jogo sem grandes casos e com duas grandes penalidades que não deixaram dúvidas. Arbitragem boa.