Finalmente foi possível ver aquilo que o Estrela pode dar enquanto equipa, especialmente no plano ofensivo, neste campeonato e o conjunto da Amadora teve uma partida muito positiva na receção ao Estoril, acabando por ser premiado por um grande golo de Léo Cordeiro aos 90+10, quando já tudo esperava o empate, que culminou na merecida vitória por 2-1.
Ainda à procura dos primeiros pontos no campeonato e com Sérgio Vieira de regresso ao banco de suplentes, o Estrela da Amadora apresentava duas alterações na equipa titular, com Shinga e Miguel Lopes a entrarem para os lugares que pertenciam aos lesionados João Reis e Mansur. Já do lado do Estoril, Álvaro Pacheco apresentava exatamente o mesmo onze inicial da última jornada. Nas bancadas, a assistir de perto, estava o selecionador nacional Roberto Martínez.
Depois de dois jogos complicados, por motivos diferentes, a abrir o campeonato, o Estrela entrou claramente em campo com uma atitude diferente e vontade clara de começar da melhor forma, pressionando altíssimo e sempre em grande ritmo. Isso causou grandes dificuldades ao Estoril quando tentou construir por trás, perdendo várias bolas em zona perigosa, e resultou num trio de boas ocasiões de golo para os da casa, que testaram Dani Figueira.
A formação tricolor, contudo, não conseguiu dar o melhor seguimento, o golo, a esta grande entrada em jogo e foi perdendo, com alguma naturalidade, pulmão e capacidade de pressionar tão alto, o que foi deixando o Estoril respirar melhor e construir pelo miolo, como queria. À semelhança do jogo com o Rio Ave, a formação canarinha cresceu quando Rafik Guitane deixava a ala e ia para o miolo ajudar na construção e ligação e foi assim que chegou mais vezes perto da baliza contrária, embora sem sucesso a finalizar.
Pedia-se mais para a 2ª parte e a verdade é que dificilmente podíamos ter pedido melhor arranque, pelo menos do lado do Estrela. Os da casa voltaram a entrar a todo o gás e aos 47' já festejavam o seu primeiro golo do jogo e do campeonato. Miguel Lopes fez um passe exímio a desmarcar Hevertton na direita, nas costas da defesa, e este cruzou rasteiro para o coração da área, onde surgiu Ronaldo Tavares a encostar para o 1-0.
1ª parte a desejar e um golo tão madrugador fizeram Álvaro Pacheco perder a paciência e pouco depois, aos 54', o técnico não teve problemas em fazer as três substituições «do costume» (Marqués, Rodrigo Gomes e Alex Soares) de uma só vez. A equipa até melhorou ligeiramente com bola, mas também passou a dar muito mais espaço na defesa, fruto da subida de linhas, e o Estrela cresceu, ficando perto do golo por duas vezes, por Ronaldo Tavares e Aloísio. Contudo, o Estrela teve mais olhos que barriga e aos 67' foi apanhado completamente em contra-pé num livre a seu favor, que culminou no golo de João Marques.
Parecia que o Estrela ia com tudo para a ponta final, mas o Estoril Praia finalmente deu ares da sua graça e foi mais atrevido, aproveitando o cansaço e maior balanceamento ofensivo estrelista para ter bola e aventurar-se. O crescimento foi tal que o Estoril fez mais remates em 20 minutos (com os 10 de compensação) que no resto da partida, mas, desta vez, bateu num muro chamado Bruno Brígido, que segurou o 1-1. Já todos esperavam o empate, mas Léo Cordeiro teve outra ideia e, aos 90+10, fez um grande golo e levou à explosão de alegria da Reboleira, que festejou a vitória por 2-1 do Estrela.
Depois de jogar grande parte da partida com o Vitória SC em inferioridade numérica e defender bastante com o Benfica, o Estrela finalmente pôde mostrar a sua verdadeira cara neste jogo e deu boas indicações ao nível da pressão e dinamismo ofensivo. Será uma equipa agradável de ver, se continuar assim.
A derrota em Arouca parece ter abalado o Estoril emocionalmente e Álvaro Pacheco precisa de dar um abanão na equipa (não ajuda manter o mesmo onze). Os canarinhos voltaram a entrar mal nas duas partes e podiam ter sofrido ainda mais. Valeu um Estrela ambicioso demais naquele lance...
O árbitro José Bessa teve uma exibição sóbria, sem nada relevante e com influência direta no resultado a apontar. O seu maior erro foi parar o jogo quando o Estrela tinha a possibilidade de criar grande perigo, aos 76', quando João Marques estava no chão. O timing foi incorreto.