O Estoril entrou no jogo irreconhecível e o Rio Ave aproveitou, dominando, mas mostrando-se pouco eficaz. Álvaro Pacheco não teve problemas em mexer as coisas, mostrou o seu já habitual rock&roll e a equipa mudou radicalmente, ao ponto de chegar à vantagem, melhorar qualitativamente e vencer os vila-condenses por 2-0. É a 1ª vitória canarinha no campeonato.
As duas equipas vinham de resultados distintos da 1ª jornadas, mas ambas queriam, naturalmente, somar pontos. Do lado do Estoril, Álvaro Pacheco apresentava o mesmo onze inicial da derrota por 4-3 frente ao Arouca, enquanto Luís Freire, no Rio Ave, também repetia o onze da vitória por 2-0 frente ao Chaves.
Frente a frente estavam duas equipas, e treinadores, habituadas a apostar em futebol positivo e havia, por isso, curiosidade para ver a entrada no jogo, mas foi o Rio Ave a tomar a iniciativa no arranque da partida e a mostrar-se capaz de ferir o Estoril a partir das alas, especialmente pela esquerda, onde Volnei jogava adaptado a lateral. De resto, Fábio Ronaldo quase inaugurou o marcador aos 2', demonstrando cedo o desconforto estorilista.
Sem capacidade de construir pelo meio e ligar setores, Álvaro Pacheco mostrou-se claramente descontente e não teve qualquer problema em fazer duas substituições ainda na 1ª parte, aos 39', fazendo entrar Alex Soares e Rodrigo Gomes para os lugares de Pavlic e Heriberto Tavares (este com alguma surpresa). Além disso, fez baixar Rafik Guitane para o meio campo, mudou o desenho e juntou Rodrigo Gomes a Cassiano na frente, fortalecendo o miolo, e isso fez prontamente a diferença ao nível do conforto com bola, mas sem efeito a nível de golos até ao intervalo, no entanto.
Se não chegassem as duas mexidas no final da 1ª parte, Álvaro Pacheco voltou a mexer ao intervalo e tirou o amarelado Vital, para meter Erick Cabaco, mantendo, contudo, o novo desenho tático visto minutos antes, com Guitane a fazer de maestro da orquestra, no meio campo, e uma linha de ligação reforçada, agora com Alex Soares, João Marques e Holsgrove. Esta mudança acabou por voltar a mostrar efeito, uma vez que tranquilizou o Estoril com bola, retirou espaço ao Rio Ave e permitiu maior liberdade criativa caseira, de tal modo que Rodrigo Gomes teve uma grande oportunidade logo aos 49'.
Com a responsabilidade do seu lado, o Rio Ave foi assumindo cada vez mais as rédeas com o passar dos minutos, mas perdeu clarividência com bola depois da mudança tática do Estoril e passou a aproveitar menos as suas alas. Os vila-condenses insistiram, o Estoril baixou linhas e o jogo era cada vez mais jogado apenas num meio campo, mas foi insistindo em cruzamentos e facilitando a vida caseira. Fábio Ronaldo, numa das poucas vezes que o jogo entre linhas foi explorado pelo meio, teve uma grande oportunidade, aos 89', mas Dani Figueira encheu a baliza.
Pouco depois, João Marques podia ter fechado o jogo, mas, em boa posição, rematou à figura de Magrão. Foi um tempo de compensação completamente jogado no primeiro terço da casa, mas nada fez tremer o Estoril e os comandados de Álvaro Pacheco acabaram por dar a machadada final aos 90+8, com Alejandro Marqués a fazer o gosto ao pé, e venceram por 2-0, num jogo onde foi preciso o técnico puxar do seu famoso rock&roll.
Se o Estoril entrou mal, o Rio Ave entrou bem, inteligente na leitura e a saber onde podia ferir, procurando ter bola e jogando positivo. Os canarinhos ajustaram taticamente e também se mostraram capazes, especialmente na 2ª parte. A prova que se pode jogar bem, quando se pensa nos três pontos.
O Estoril mostrou-se incapaz de ter bola no ataque nos primeiros 20 minutos de jogo e irreconhecível em relação ao que habitualmente se vê numa equipa de Álvaro Pacheco. O Rio Ave aproveitou e se tivesse sido mais eficaz, a partida tinha sido muito diferente.
O árbitro Iancu Vasilica assinalou algumas faltas desnecessárias, especialmente na 1ª parte, mas esteve bem nas grandes decisões e deixou o jogo fluir. Perto do fim, o lance entre Mangala e Fábio Ronaldo gera algumas dúvidas, sobre um possível penálti para o Rio Ave, mas parece ter tomado a decisão correta.