Sete golos, mais dois anulados, uma expulsão e uma reviravolta. O Arouca venceu o Estoril por 4-3 e pode, muito bem, ser considerado um jogos da época e ainda só estamos na primeira jornada. A equipa de Daniel Ramos jogou com 10 jogadores desde o minuto 37.
Vontade, querer, qualidade e golos, muitos golos. Foi um bom domingo, em Arouca. Ganhou o futebol. Os homens de Daniel Ramos e Álvaro Pacheco apareceram cheios de vontade de brindar os adeptos com um futebol bem jogado.
Foi impressionante a forma como os jogadores se mostraram ao jogo, desde o primeiro minuto. Com um ritmo alucinante desde o início, foi, no entanto, o Estoril quem apareceu mais ofensivo e mais esclarecedor. A turma de Álvaro Pacheco aproveitou uma defesa do Arouca mais macia e meteu Arruabarrena em trabalhos.
Os canarinhos de Cascais demonstraram uma autoridade tímida, mas foi suficiente para ganhar espaço no ataque e aos poucos mandar na partida. Sem surpresas fizeram um golo por Holsgrave - apesar do guarda-redes do Arouca ter ficado mal na fotografia - e dois minutos depois Heriberto ampliou o resultado, mas o lance foi invalidado por fora-de-jogo.
O golo invalidado acabou por ser um despertador motivacional para o Arouca. A equipa de Daniel Ramos ligou o chip e o jogo ficou diferente. Apesar de já estar carimbada com uns amarelos para jogadores do setor defensivo, a equipa do distrito de Aveiro foi mais rápida nas ações e teve mais entrega nos duelos.
Os processos ficaram simples e o golo do empate apareceu: David Simão foi muito rápido a ler a asneira que Daniel Figueira fez e serviu Mujica que fez um golo fenomenal.
Era o melhor momento do Arouca. A jogar pela zona interior, com David Simão a comandar toda a zona ofensiva, a equipa de Daniel Ramos empurrou o Estoril para a sua defesa, mas a expulsão de Kouassi mudoun tudo. Os canarinhos trataram de pegar na bola e inverter a tendência do jogo em pouco tempo.
Se a primeira parte foi frenética e com um ritmo alto, o segundo tempo veio com a mesma medida. Daniel Ramos manteve a estrutura, mesmo tendo menos um jogador no meio campo, mas foi a palestra de Álvaro Pacheco que mudou o rumo do jogo.
A equipa do distrito de Lisboa marcou cedo, por João Marques - um grande golo, escreva-se - e atirou o jogo para um nível de desequilíbrio. A equipa do Arouca teve muitas dificuldades em reagir aos duelos perdidos e em ocupar o espaço, até porque Mujica deu pouco apoio ao meio campo.
Cassiano fez o terceiro golo, mas o lance foi invalidado por fora-de-jogo e o Arouca voltou a ganhar vida. A equipa da Daniel Ramos subiu linhas, percebeu que o jogo não estava acabado e aos 57 minutos Cristo fez um excelente jogo, após uma assistência de David Simão. Se o encontro estava bom, melhor ficou.
Seria difícil ficar melhor, mas a verdade é que os últimos minutos vão figurar na galeria da Liga quando for necessário mostrar o produto da Liga Portugal Betclic.
O Estoril não sentiu o golo sofrido e voltou a marcar, sempre utilizando a mesma estratégia: exploração da lateral direita e desvio do avançado. Marqués levou o banco à festa, mas o Arouca voltou a repetir a receita. A equipa da Daniel Ramos fez novo empate com uma bola parada.
Nos últimos minutos, o Estoril arriscou tudo para ganhar, mas na transição Pedro Santos acabou por sentenciar a reviravolta. O Arouca entrou na Liga a ganhar, mas o Estoril tem razões para sair satisfeito pelo trabalho desenvolvido. Que grande jogo.
Com ideias frescas e vontade de jogar com a bola no pé, a organização que Estoril e Arouca revelaram desde o primeiro minuto fez com que o jogo fosse bem disputado. A vantagem de ter dois treinadores novos ajuda a que os jogadores estejam mais predispostos a mostrar o seu valor: boas jogadas, boas estratégias e boas oportunidades.
O médio costa-marfinense do Arouca foi imprudente e deixou a equipa muito desequilibrada. Foi expulso com vermelho direto, mas a entrada que teve sobre Cassiano, tendo amarelo, foi demasiado arriscada. A equipa teve de correr mais e sentiu isso na pele.
Hélder Carvalho não teve uma estreia tranquila na Liga Portugal Betclic. Muitos cartões, algumas decisões difíceis de tomar, mas o árbitro da AF Santarém teve um critério uniforme, durante a primeira parte, e apesar das críticas dos adeptos, não há razão de queixa. Ficou por dar um amarelo a Tiago Araújo no lance que antecedeu o segundo golo do Arouca. Deixou jogar e manteve a autoridade sem ser um general. Nota positiva.