O futebol regressou à Reboleira. Houve festa e bom futebol (a espaços na 1ª parte, melhor na 2ª). No final, o Vitória SC ressacou da melhor forma da eliminação europeia, aproveitando a expulsão precoce de Miguel Lopes para bater o recém-promovido Estrela da Amadora por 0-1, mas não sem antes sofrer (bastante) e ver uma boa réplica dos tricolor, mesmo com uma a menos.
14 anos depois, a Reboleira voltava a receber um jogo da Primeira Liga portuguesa e, curiosamente, voltava a ser um duelo entre Estrela da Amadora e Vitória SC. Do lado do recém-promovido Estrela, Sérgio Vieira apostava no onze base da época passada, sem quaisquer reforços a titulares. Já do lado vitoriano, recentemente eliminado da Europa, Moreno promoveu quatro mudanças no onze titular, com as entradas de Manu Silva, Bruno Gaspar, Zé Carlos e Jorge Fernandes para os lugares que pertenciam a Tomás Handel, André Amaro, Miguel Maga e Tounkara.
Com o Estádio José Gomes muito bem preenchido - 4300 espetadores - e em clima de festa, Estrela e Vitória deram o pontapé de saída e desde cedo se percebeu que existia algum encaixe tático nos desenhos (3x4x3 de um lado e 3x52 do outro) e ideias das duas equipas. Os de Guimarães mostravam-se mais pacientes com bola e iam procurando chamar a pressão adversária, para fazer subir o bloco tricolor e explorar as diagonais de Jota e André Silva entre os centrais adversários. O Estrela, por sua vez, era mais assertivo com bola e procurava, quase sempre (e em demasia), a profundidade do trio ofensivo, sem grande sucesso.
Numa primeira instância, a expulsão e o golo fizeram bem ao jogo. O Estrela assumiu a linha de quatro defesas e teve que se reajustar, mudando processos, e isso deu mais espaço ao Vitória, que subiu linhas e conseguiu explorar com maior frequência as movimentações da dupla ofensiva e acrescentar médios ao ataque. Isto deu aos estrelistas espaço para tentar explorar a profundidade, mas apenas o fizeram com sucesso por uma vez, com Regis, embora em posição irregular. Contudo, não tardou a que o jogo baixasse abruptamente de ritmo e ficasse algo massudo no final da 1ª parte.
Em desvantagem numérica e no marcador, Sérgio Vieira regressou do balneário com a clara ambição de conseguir algo mais e fez entrar Kikas e Léo Cordeiro, retirando Regis e Aloísio, para refrescar a equipa e a verdade é que o Estrela entrou com uma atitude bem distinta, com mais vontade de ter bola e trabalhar processos. Perante esta iniciativa, o Vitória pareceu aceitar e resguardou-se um pouco mais defensivamente, algo que abriu o jogo, visto que havia espaço (bastante) para a transição vimaranense. Mas o Estrela não se deixou ficar.
O relógio avançava e não abrandava. O Estrela cada vez mais sabia que nada tinha a perder e foi conseguindo, apesar da desvantagem numérica (que cada vez mais parecia não existir), encostar o Vitória à sua área. Aos 85', Léo Jabá acertou em cheio no poste e parou os corações no José Gomes. O sofrimento foi-se prolongando, a Reboleira foi puxando (algo que faltou durante o jogo, na verdade), mas o Vitória aguentou-se e acabou a vencer por 0-1. Há ressacas muito piores que esta.
Havia encaixe tático, mas o Vitória SC sabia onde explorar a defesa tricolor e fez bom uso de jogar com dois avançados, ao invés dos três da época passada. André Silva e Jota parecem crescer neste formato (embora tenham menos bola no pé) e o miolo reforça-se.
Faltou brilho ao Estrela da Amadora ao longo de toda a 1ª parte, mesmo antes da 1ª parte. Os comandados de Sérgio Vieira foram demasiado repetitivos ao nível de processos e mostraram-se limitados, facilitando a vida adversária. A 2ª parte foi bem melhor.
O árbitro Manuel Oliveira pareceu excessivo na decisão do vermelho direto a Miguel Lopes, principalmente porque parece usar o argumento de ser o último homem e não de ser fora de tempo ou agressiva em demasia. Um lance que marca o jogo, embora não tenha errado mais.