A entrada prometeu e parecíamos estar perante um novo Sporting, guiado por um Gyokeres que deixou água na boca e em dois lances, e dois minutos, bisou e deliciou os adeptos, mas a 2ª parte trouxe os fantasmas do passado leonino e em dois minutos o Vizela deixou todos preocupados em Alvalade. No final, foi o «patinho feio» Paulinho, aos 90+8, a salvar o leão. Um daqueles golos poéticos para o leão vencer por 3-2.
Era o arranque oficial da nova época para o Sporting e Alvalade contava com casa praticamente lotada. Do lado leonino, Rúben Amorim chamou ao onze inicial Geny Catamo, para jogar na ala, e Daniel Bragança, mas o grande destaque foi a titularidade do avançado sueco Viktor Gyökeres, grande contratação deste mercado de verão. Já no Vizela, o estreante Pablo Villar apresentava algumas novidades no onze inicial, com destaque para os reforços Diogo Nascimento, Samuel Essende e Rafael Bustamante.
🇸🇪Viktor Gyökeres nos primeiros 16 minutos de Sporting já quebra recordes.
O primeiro jogador leonino a fazer o bis mais rápido na estreia absoluta pelo clube (aos 14' e aos 16' - intervalo de 2 minutos). pic.twitter.com/GJ6KrKm5nD
— Playmaker (@playmaker_PT) August 12, 2023
Havia curiosidade para perceber como se ia apresentar esta nova versão do Sporting e o primeiro quarto de hora foi suficientemente esclarecedor. Dinâmico ofensivamente, mais vertical através dos alas, com os extremos a construir pelo meio e a pressionar altíssimo, sufocando por completo o Vizela, que parecia sem resposta para o leão logo a abrir e limitava-se a jogar direto, sem qualquer sucesso.
Perante isto, o golo inaugural do Sporting parecia uma mera inevitabilidade e foi aí que Gyokeres se apresentou a Alvalade - a transbordar de alegria e com uma energia distinta da época passada -, e de que maneira! O primeiro apontamento de classe do sueco surgiu aos 14', num trabalho exímio de ponta de lança dentro da área, onde tirou um adversário do caminho com um belo drible e atirou a contar para o 1-0. Era o primeiro de Gyokeres de leão ao peito, mas o sueco não se ficou por aqui e no minuto seguinte, assim que o Vizela saiu (mal) do meio campo, conduziu o contra-ataque e sozinho fez o 2-0. Que apresentação!
Depois de uma 1ª parte de grande nível, Rúben Amorim veio do intervalo à procura de algo diferente e baixou Pote para o meio campo, fazendo entrar Edwards para o lugar de Bragança - que até tinha estado bastante bem no passe vertical -, a extremo. Apesar desta mexida aparentemente ofensiva, a verdade é que o Sporting manteve a toada do final da 2ª parte e deu espaço ao Vizela. Contudo, os vizelenses continuavam algo curtos com a posse de bola, a nível ofensivo, e o jogo entrou, durante algum tempo, num registo mais massudo.
A nível ofensivo, o Sporting continuava com algum espaço para sair na transição - embora o Vizela estivesse mais organizado aquando da perda -, mas ia pecando quase sempre ao nível da decisão, com Trincão como principal culpado, apostando em demasia na jogada individual em transições onde podia servir colegas. Isto fez a turma forasteira acreditar mais e, aos 62', Diogo Nascimento finalmente testou a atenção de Adán. Com a equipa em decrescendo, Amorim voltou a mexer a olhar para a frente e promoveu a estreia em absoluto do jovem Afonso Moreira e a entrada de Paulinho, para jogar ao lado de Gyokeres.
Eram dois minutos que podiam deitar tudo por terra, mas havia 20 minutos pela frente (8' de compensação) e era possível acabar bem a estreia. Ao contrário de outros tempos, o chuveirinho foi menos frequente e ainda se conseguiu ver algumas jogadas bem construídas pelas alas, apesar do desespero crescente. Do outro lado, o Vizela até podia ter congelado Alvalade, mas falhou na transição e teve que sofrer até ao final. Contudo, o futebol às vezes tem finais à Hollywood e foi precisamente a concorrência de Gyokeres, o «patinho feio» Paulinho, quem aos 90+8, num lance de insistência, deu a vitória por 3-2. Que final épico, impróprio para cardíacos e a mascarar um Leão de duas faces.
O árbitro Fábio Melo teve uma partida fácil de ajuizar, em larga parte graças às duas equipas, não complicou e deixou o jogo fluir, como devia para as suas características. O seu único erro tenha sido não ter ido ver aquela bola dividida aos 86'. Não parece penálti claro, mas há espaço a essa interpretação. Ver seria o correto.
Mais pressionante, mais vertical, mais dinâmico. O Sporting entrou para esta época de cara lavada e com uma 1ª parte de luxo, onde apenas pecou por um par de lances falhados na finalização. Ser este Sporting era sinal de candidatura, mas....
Mas voltaram os passados do passado, da inconsistência exibicional e com problemas defensivos. Amorim talvez não tenha lido o jogo da melhor forma, balanceou a equipa para o ataque e desprotegeu em demasia o miolo, mas há muito demérito da defesa leonina nos golos sofridos. Valeu o golo da salvação de Paulinho.