Sejamos sinceros: sabemos que o bacalhau é bastante apreciado em Portugal como tradição, mas, nesta quinta-feira, foi mesmo a posta arouquesa que venceu o prato bem conhecido vindo da Noruega - ou, na verdade, foi apenas um duelo entre equipas de cada uma das nações.
Na primeira mão da terceira pré-eliminatória da prova, o SK Brann viajou até à Serra da Freita e foi presenteado com uma bela vista e… com uma derrota por 2-1.
O Arouca, de cenário invejável e plano estudado, entrou aguerrido e com vontade de mostrar que, pelo município, não é só a posta que é de excelência.
A primeira parte começa por descobrir o desconhecido. O Brann é estreante em solo luso, mas com boa história para revelar. Chegaram à prova depois de vencer a Taça da Noruega enquanto militavam na segunda divisão do país. Um feito com uma equipa montada para voltar ao grande palco nacional. Chegaram à Conference League e viram que Portugal era destino.
No relvado, o ataque organizado e temporizada foi lema, mas - sejamos honestos - os blocos de relva molhada atrapalharam um pouco na construção ofensiva. Podemos interpretar blocos de relva como a defesa do Arouca, porém, na verdade, foram os dois grandes adversários.
Houve algo que não puderam prever: a pressão altíssima arouquense na defesa. Assim surgiu o golo e outros inúmeras tentativas por parte do trio atacante espanhol - Rafa Mujica que o diga e como o leitor pode ler no acompanhamento ao minuto elaborado pelo zerozero.
Rasgos de inspiração de Jason Remeiro de um lado, o atrevimento de Cristo Gonzalez do outro e a pontaria quase sempre certeira do já acima mencionada. Daniel Ramos alinhavou bem o plano - ou, pelo menos, assim deu a entender.
A desconcentração tomou conta dos Lobos de Arouca na segunda metade. A equipa aprecia algo mais desligada, com a cabeça noutro sítio. Entre passes fáceis na construção viu-se a desorganização repentina da equipa portuguesa.
Assim, aproveitou o Brann. Cresceu com o passar dos minutos, mas se há quem não tenha medo de pôr gelo na ferida é mesmo De Arruabarrena. O guardião esteve presente e mostrou-se presente de cada vez que foi chamado a intervir.
Depois de uma bola para a Serra enviada por Cristo ainda perto do início dos segundos 45 minutos, o sentido literal de «Só deu Brann» aconteceu.
As dores do crescimento e engrandecimento da primeira metade do duelo acabaram por tomar conta do Arouca, mas alguns rasgos defensivos foram salvando o resultado.
E, por falar em rasgos, «no meio da tempestade, veio a bonança». A turma portuguesa mostrou-se com dificuldades, mas, na primeira brecha dos noruguesas, Cristo González fez perceber que Mujica espanhola até se ouve bem.
Tempo a esgotar. Brann diminui a desvantagem em nova desatenção arouquense. Entrou-se num jogo de gestão e paciência.
A esperança de levar alguma vantagem para a Noruega alavancava a exibição do Arouca que, assim, a conseguiu. Um golo de esperança e mucha ilúsion para a segunda mão.
Destemidos a atacar na pressão. A verticalidade imposta pelo Arouca no decorrer da primeira parte permitiu criar verdadeiras oportunidades de perigo pelo trio atacante espanhol. A reter para implementar durante a época.
A segunda metade do Arouca transpareceu desconcentração em quase todos os setores. Vários passes algo fáceis foram perdidos e a pressão na construção ofensiva do Brann quase não existiu - prova disso foi o golo concedido.