Uma promessa de Conceição, uma cultura enraizada, uma garantia para o campeonato. Pode estar cada vez mais difícil, mas o dragão recusa entregar o título. Num jogo onde passou por bastantes dificuldades, o FC Porto conseguiu virar o resultado contra um Casa Pia muito bem organizado e a aplicar-se a fundo pelos pontos. Do banco vieram as soluções para uma equipa que sentiu muito a falta de Marcano e Otávio. Valeram Veron e Namaso. Para além de uma alma inesgotável.
Mesmo sem o maestro da orquestra (Otávio), o FC Porto até começou bem. Melhor que nos jogos mais recentes no Dragão. Com tendência clara para a esquerda, onde Galeno dava largura e Wendell aparecia por dentro, a equipa encontrou aí a tendência para criar desequilíbrios, se bem que maioritariamente quando Eustaquio aparecia para decidir. Não conseguiu marcar, mas deu sinais interessantes, com intensidade e velocidade, requisitos fundamentais para ameaçar uma das mais bem organizadas defesas do campeonato.
Taira entrou bem, a equipa aproveitou o fôlego que recuperou e o jogo virou.
Os gansos conseguiram mais tempo com bola e foram pacientes. Felippe Cardoso recebeu muitas bolas de costas para o ataque, fez uso da sua estampa física e permitiu à equipa subir. Depois, a aposta na velocidade de Godwin e Soma fez grande diferença, até porque os portistas quase nunca souberam lidar com isso e permitiram várias aproximações à baliza de Diogo Costa.
O Dragão, crescentemente inquieto, ficou desconfortável ao intervalo. Sérgio Conceição seria o mais desagradado de todos, a avaliar pela demora no regresso dos balneários.
O segundo tempo não começou muito melhor para os portistas e, por isso, o treinador portista foi ao banco dar um sinal à equipa. Tirou Fábio Cardoso (Uribe baixou para central) e meteu Veron. Com efeitos imediatos. O brasileiro criou, a dois tempos, o lance do empate, conseguido por Taremi.
O Casa Pia foi recuando, embora com mexidas de Filipe Martins para que a equipa nunca deixasse de tentar sair em contra-ataque. Acabou por deixar.
E permitiu cada vez mais chegadas dos portistas à sua área, até então bem controlada em termos de invasões. Um crescimento que viria a dar frutos, depois de muitas tentativas: Toni Martínez, outro vindo do banco, serviu Namaso para a reviravolta.
Três pontos muito suados, mas merecidos.
Quando o cenário fica desfavorável, como o que o FC Porto tem tido nas últimas jornadas pelas vitórias do Benfica, é natural que se verifique uma quebra anímica, uma cedência ao destino. Nisso, os dragões são diferentes e mostraram-no outra vez. Com vontade, entrega e uma alma inesgotável, a equipa tentou até ao fim e teve o prémio merecido.
É verdade que o Casa Pia mostrou excelentes armas, quer a defender, quer a atacar, mas ficou novamente evidente uma apatia de grande duração na equipa portista. De meio da primeira parte até meio da segunda, foram pouquíssimas as ideias apresentadas. Nesse período, não é exagero dizer que o adversário foi melhor.