O Benfica está nos quartos-de-final da Taça de Portugal e conseguiu com serenidade e folha limpa. O jogo ficou marcado pelo regresso de Enzo Fernández que encheu o campo, marcou e fez as pazes com os adeptos.
Roger Schmidt dificilmente poderia desejar uma entrada tão boa. As águias foram muito práticas e expuseram a estratégia que trouxeram para o Norte do país, logo, nos primeiros minutos.
A combinação entre Neres, Enzo e Gonçalo Ramos foi travada em falta por Bonilla à entrada da área. Grimaldo foi letal - quatro golo fora da área esta época e terceiro de livre direto - e colocou os encarnados na frente.
O golo foi um excelente tónico para o Benfica: os líderes do campeonato passaram a explorar a zona intermédia com muita facilidade, pois o Varzim optou por dois médios, enquanto que as águias tinham três: Enzo Fernández, Chiquinho e Aursnes.
O domínio territorial do Benfica foi notório. Apesar de ter descoberto a zona mais permeável da defesa varzinista, as águias foram muito cerimoniais na hora de finalizar e viram, recorrentemente, os remates a serem bloqueados por defesas poveiros.
O corporativismo do Varzim a defender foi tanto que Ricardo Nunes fez apenas uma defesa, em toda a primeira parte. Gonçalo Ramos teve a oportunidade, mas descaído na direita rematou fraco.
O Varzim foi vivo para o intervalo e veio cheio de vida para a segunda parte. Tiago Margarido desfez a linha de cinco defesas, passou a jogar com maior mobilidade na frente: Areias e Hélder Barbosa agitaram o ataque poveiro como ainda não tinha sido visto.
Roger Schmidt percebeu que só mexendo é que a equipa voltaria a ganhar os duelos no meio campo. O Varzim colocou o Benfica em sentido, com Areias a estar perto do golo, mas apareceu Florentino e as águias voltaram a empurrar os Lobos do Mar para trás.
Na entrada dos últimos vinte minutos os encarnados passaram a ter mais bola e optaram por explorar as laterais, até porque Tito Júnior e Carlos Tovar subiram muito e deixaram a defesa à deriva.
Foi por esses caminhos que o futebol tricotado do Benfica levou a que Enzo Fernández marcasse, depois de uma assistência de Chiquinho. O argentino fez as pazes com os adeptos, bateu com a mão símbolo, fez o sinal de estar presente e fez as delícias dos muitos adeptos benfiquistas que estiveram instalados na bancada sul.
O Benfica geriu tranquilamente o final do jogo e venceu com tranquilidade. O Varzim demonstrou muita personalidade e bom futebol, quando conseguiu. Sai da prova de cabeça levantada.
Roger Schmidt tem feito muitas mexidas no meio campo e é a zona do terreno que melhor tem desempenhado as ideias do técnico. A mobilidade de Chiquinho, Aursnes e Enzo, na primeira parte, e depois com Florentino, no segundo tempo, foram determinantes para o aumento da intensidade.
É um caso de estudo: o germânico está muito longe de tudo o que já foi. Sem intensidade, com pouca velocidade e desligado da equipa. Se continuar assim vai embora sem deixar saudades aos benfiquistas.