A história foi muito diferente da que se tinha visto dias antes, mas o desfecho acabou igual: com a vitória encarnada. O Estoril Praia melhorou claramente, especialmente na defesa, e criou dificuldades, mas a expulsão de Francisco Geraldes logo a abrir a 2ª parte acabou por mudar tudo e o Benfica saiu vitorioso por 0-1, avançando na Taça de Portugal.
Apenas três dias depois de se terem defrontado para o campeonato (1-5), Estoril Praia e Benfica voltavam a defrontar-se, agora para a 4ª eliminatória da Taça de Portugal. Do lado caseiro, Nélson Veríssimo promoveu uma revolução no onze inicial, com sete mexidas, enquanto do lado encarnado Roger Schmidt promoveu apenas a entrada de David Neres para o onze titular. Os canarinhos tinham deixado o Amora (2-3) para aqui chegar, o Benfica o Caldas (1-1).
9.ª vez que o Benfica não marca durante a 1.ª parte de um jogo esta época - a 2.ª na Taça 🇵🇹:
Casa Pia✅
Vizela (estava a perder ao intervalo)✅
Famalicão✅
Maccabi Haifa✅
Vitória SC
PSG (estava a perder ao intervalo)
Caldas (vitória nos penaltis)
FC Porto✅
Estoril pic.twitter.com/5HvPfaJ7qm
— playmakerstats (@playmaker_PT) November 9, 2022
Depois da recente esclarecedora vitória encarnada, havia curiosidade para perceber como as duas equipas iam abordar este round 2. Roger Schmidt havia previsto que seriam dois jogos bastante diferentes e rapidamente se percebeu que o alemão tinha razão. A goleada sofrida obrigou os canarinhos a corrigir e estes entraram agressivos na procura por recuperar a bola, reforçando as alas com a presença de Delos, habitualmente lateral, a extremo. Inicialmente, o Estoril ainda teve algumas dificuldades em controlar a largura e profundidade dos laterais do Benfica, mas foi melhorando.
Do lado do Benfica, por sua vez, como vem sendo desde que tem sido titular, havia uma clara aposta por aproveitar o ataque à profundidade de Musa, abrindo espaço no centro para os extremos, e ainda houve algumas boas interações entre eles, mas a defesa do Estoril estava bastante melhor organizado que no último duelo e era muito pela meia distância que ia deixando avisos, como no remate de Grimaldo à barra, de livre direto, aos 17'.
Embora melhor defensivamente, ofensivamente a história era outra para o Estoril. João Carlos foi o homem escolhido para a frente, mas António Silva esteve exímio na marcação ao avançado brasileiro e este quase nunca conseguiu servir de pivot ofensivo para servir a equipa de frente. Numa das poucas vezes que o conseguiu fazer, aos 36', a equipa conseguiu virar bem de lado e foi ele bem quem foi obrigar, de cabeça, Vlachodimos a uma boa defesa.
À semelhança da 1ª parte, o Estoril regressou dos balneários positivo e agressivo na disputa, mas acabou por ser «traído» no espaço de menos de dois minutos com a expulsão de Francisco Geraldes - travou Rafa em falta quando este se ia isolar na cara de Dani Figueira, bem expulso -, o que muda o plano de qualquer treinador e galvanizou rapidamente o Benfica para a frente. Com mais espaço no miolo, as oportunidades do Benfica começaram a surgir com naturalidade e Nélson Veríssimo viu-se obrigado a resguardar mais a equipa defensivamente e tirar João Carlos para colocar Rosier a fechar o meio. Tiago Gouveia ficava sozinho na frente, com a equipa a assumir um 4x4x1.
Esta opção fez o Estoril passar a defender com toda a gente atrás da linha da bola e o Benfica passou a jogar de forma constante em ataque organizado e posicional, tentando penetrar a todo o custo o bloco baixo e coeso canarinho. Foram minutos de desgaste e sufoco para o Estoril, mas o golo encarnado acabou por chegar de forma algo inesperada. João Mário cruzou de forma aparentemente inofensiva, mas Dani Figueira saiu-se bastante mal e permitiu a Neres inaugurar, por fim, o marcador, aos 66 minutos, com um pontapé de bicicleta.
O resultado diz muito daquilo que mudou no Estoril e as melhorias foram evidentes, especialmente na defesa, onde os canarinhos até levaram os avançados encarnados a alguma frustração pela dificuldade em operar no último terço. Isto sem «estacionar o autocarro», pelo menos na 1ª parte.
Se as melhorias foram evidentes na defesa, no ataque nem por isso e nessa zona o Benfica conseguiu com relativa facilidade retirar o Estoril do jogo, essencialmente pela marcação imposta por António Silva a João Carlos e o trabalho no miolo de Florentino e Enzo. O Estoril tentava construir, mas claramente não conseguia.