Parece cada vez mais difícil parar este Benfica, que fez nova vítima esta temporada. Desta vez, foi o recém-promovido Chaves a «levar com a fava» e a sair goleado da Luz por 5-0, num jogo de clara superioridade encarnada e que ficou marcado por grandes golos, individuais e coletivos. Além disso, o Benfica aproveitou para aumentar a distância para o FC Porto e é cada vez mais líder isolado do campeonato.
Depois de uma importante vitória frente à Juventus (4-3), que garantiu a qualificação para os oitavos de final da Liga dos Campeões, Roger Schmidt apenas mexeu numa peça no onze inicial, fazendo regressar David Neres à titularidade, para o lugar de Florentino Luís, com Aursnes a baixar no terreno. Do lado do Chaves, Vítor Campelos apenas mexeu numa peça também, com João Queirós a ocupar a vaga de Sandro Cruz (emprestado pelo Benfica) a lateral esquerdo.
⚽Golo aos 2 minutos: é o + rápido do 🦅Benfica esta época
Benfica a marcar nos 10 primeiros minutos esta época:
2 min: David Neres (Chaves)
8 min: Gilberto (Arouca)
9 min: Gilberto (Dynamo Kyiv) pic.twitter.com/HGcQQk3Dnp
— playmakerstats (@playmaker_PT) October 29, 2022
À entrada para este jogo o Benfica já sabia do deslize portista nos Açores (1-1) e que podia, por isso, aumentar a vantagem na liderança do campeonato. É difícil saber se isso motivou de alguma forma os encarnados, mas a verdade é que os comandados de Roger Schmidt precisaram de menos de dois minutos para chegar ao golo inaugural, num remate de fora da área colocadíssimo de David Neres, que apenas parou no ângulo superior da baliza flaviense. Contudo, as águias não se ficaram por aqui e sete minutos depois foi a vez de Grimaldo ampliar com mais um grande golo, desta vez de livre direto. Que arranque.
Depois deste arranque demolidor das águias, era finalmente possível perceber um pouco do desenho tático das duas equipas (principalmente do Chaves). Os flavienses estavam mais recuados do que habitualmente se mostram, mas nem por isso desistiam da ideia de pressionar a saída a jogar curto do Benfica. Apesar disso, o bloco defensivo do Chaves estava a dar pouca largura, compacto, e isso ia permitindo ao Benfica explorar a profundidade através dos seus alas, principalmente Grimaldo na esquerda. Na direita, por sua vez, Neres ia explorando as fragilidades do lateral adaptado João Queirós.
À sua imagem, o Benfica ia implementando constantes permutas posicionais entre o trio mais adiantado do seu meio campo e isso ia-se mostrando um autêntico quebra-cabeças para os comandados de Vítor Campelos decifrarem, principalmente no que dizia respeito às marcações individuais. Perante isto, o ataque encarnado estava fluído e criava com facilidade oportunidades no último terço. O jogo até baixou de ritmo alguns minutos, mas mais por vontade do Benfica do que outra coisa, até porque os encarnados aceleravam o jogo com relativa facilidade a partir das suas alas.
Com uma diferença já avantajada no marcador, o jogo baixou claramente de ritmo no início da 2ª parte, algo que beneficiou de certo modo o Chaves, para ter um pouco mais de bola nos pés. Apesar disso, o Benfica continuava num nível elevadíssimo ao nível da troca de bola e celebrou o 4-0 numa jogada coletiva exímia, concluída por um remate colocadíssimo de Enzo Fernández. Contudo, o VAR acabou por anular o lance por 18 centímetros.
Perante o controlo demonstrado na partida, Roger Schmidt aproveitou para ir gerindo o esforço e foi retirando de campo os seus habituais titulares. Era, por isso, a vez dos suplentes se mostrarem e fazerem proveito desses minutos. O jogo não fugiu à espiral decadente ao nível de qualidade - até roçou o aborrecido durante alguns minutos -, mas ainda foi bem a tempo de Musa picar o ponto. Enzo foi, desta vez, a figura, implementando um bom movimento desde a ala esquerda para o meio e assistindo o avançado croata, que atirou a contar para o 4-0.
O jogo não acabaria sem que Rafa Silva, um dos homens do momento, também picasse o ponto e mesmo em cima do apito final, aos 90+3. Gilberto deixou a barra a tremer com um remate de fora da área e Rafa, na recarga, não perdoou, para fazer o 5-0 final. Com este resultado, o Benfica não só alargou o seu registo de invencibilidade para 21 jogos nesta temporada, como também aumentou a distância para o FC Porto, 2º classificado, para oito pontos. As águias parecem imparáveis esta época.
Já não há dúvidas, mas este Benfica joga mesmo a um nível altíssimo e voltou a mostrar isso mesmo perante uma das equipas que melhor futebol coletivo pratica no nosso campeonato. O Chaves até se tentou adaptar, mas pouco há a fazer contra um Benfica destes, nesta altura.
A nível defensivo as lacunas flavienses foram evidentes, especialmente na esquerda, mas ofensivamente a equipa não esteve mal e até foi tirando dividendos, a espaços, da sua pressão alta. Contudo, uma equipa que visita outra neste tipo de forma não pode falhar. Aquele lance de Héctor Hernández na cara de Vlachodimos é um desses casos.