Sabemos do seu sangue quente, mas pouco há a apontar ao seu comportamento neste desafio. Apesar da situação muito delicada que o Moreirense vivia e continua a viver, Ricardo Sá Pinto deu sempre a cara no final de cada desaire e resistiu a alguma vez criticar o comportamento dos seus jogadores. Esta sexta-feira, o prémio chegou numa vitória em contexto bastante adverso frente ao Gil Vicente (1x2).
Além de quebrar uma péssima série e sair à condição da lanterna vermelha, o conjunto cónego ganha uma importante injeção de moral para a intensa luta que vai disputar até ao final da época. Mesmo a jogar com 10 desde o início do segundo tempo, o Moreirense foi capaz de sofrer e mesmo assim apontar dois golos.
Em situação bastante delicada, o Moreirense procurou ter uma entrada personalizada no jogo, com bastante envolvimento dos laterais Frimpong e Paulinho nos movimentos ofensivos. Infelizmente para Sá Pinto, a tendência habitual da equipa em revelar problemas na definição dos lances continuou.
Por sua vez, o começo não foi fácil para o Gil Vicente, que teve bastante desinspiração coletiva na fase inicial. De forma habilidosa e num momento onde por norma está confortável, os galos de Barcelos começaram a aproveitar o adiantamento adversário para causarem perigo em transição, com destaque para as bolas no ferro de Fran Navarro - péssimo passe de Paulinho - e Léautey.
Após estes momentos de também alguma sorte - que Sá Pinto muito tem pedido - , o Moreirense teve na resposta uma soberana situação para abrir o ativo, mas Rafael Martins não foi feliz e desperdiçou uma recarga de baliza aberta a defesa incompleta de Frelih. Sério candidato a falhanço da época e um espelho do que têm sido as últimas semanas cónegas.
Logo no início do segundo tempo, mais um golpe duro nas intenções do Moreirense. Lançado em velocidade, Fran Navarro foi travado em falta quando seguia para a baliza adversária por Fábio Pacheco, o que resultou na expulsão direta do médio. No entanto, pela segunda jornada consecutiva, o Gil Vicente revelou dificuldades para aproveitar a superioridade numérica.
Por mérito da organização cónega e alguma apatia dos comandados de Ricardo Soares, os visitantes continuaram bem dentro do jogo. Num lance em que Samuel Lino teve uma rara abordagem pouco competitiva, o recém entrado Derik conquistou a bola no físico e, após boa progressão, passou atrasado para a finalização certeira de Jefferson Jr.
Se o Gil Vicente abanou com este inesperado tento sofrido, o ´soco` ainda foi maior após um fantástico momento de inspiração individual. A dupla de protagonistas foi a mesma, com Derik a avançar no terreno após uma mau passe de um defesa gilista e a servir novamente Jefferson Jr, que bisou num excelente remate colocado.
Após este tento, Sá Pinto não resistiu à tentação e montou uma estratégia mais defensiva com as mexidas do banco. Muitas vezes com uma linha mais recuada de sete atletas, os cónegos sofreram bastante para segurar o triunfo e Samuel Lino até reduziu, mas a fortuna que tem faltado apareceu e o importante triunfo foi segurado pelo Moreirense.
Apesar da forte reação na reta final, o Gil Vicente acabou mesmo derrotado e vive uma indiscutível fase de menor fulgor, que não deve apagar o que tão bom tem sido feito esta temporada. Ainda assim, Ricardo Soares tem razões para não estar agradado com este desfecho, numa noite de muita desinspiração coletiva.
Momento de viragem? O desafio era difícil, mas o Moreirense ultrapassou a adversidade para chegar a um triunfo bastante importante. Com organização, empenho e a sorte que vinha a faltar, os cónegos têm um importante impulso para o que resta disputar na luta pela manutenção.
Após a expulsão de Fábio Pacheco, os gilistas não tiveram capacidade para controlar e jogarem com assertividade. Só depois dos tentos sofridos é que aumentaram o andamento e a agressividade, em minutos finais sufocantes para o Moreirense. O cenário foi quase idêntico contra o Arouca e Ricardo Soares tem aqui um ponto a trabalhar.
A expulsão de Fábio Pacheco não merece contestação e esteve bem acompanhado pelos seus assistentes, como se viu nos últimos minutos da partida. Nota positivo num encontro de ânimos quentes