Os três pontos seguem para a Luz, mas a nação benfiquista não leva para casa motivos para grandes otimismos. O Benfica venceu em Arouca, por 0x2, mas são os minutos finais, sobretudo, que devem deixar Nélson Veríssimo a pensar na vida. Perante um Arouca que só aí se aventurou no ataque, as águias acabaram o jogo com o «credo na boca» antes do golo de Gonçalo Ramos.
Ainda é um Benfica, a espaços, anárquico. A mudança técnica significou, também, uma nova forma de interpretar e criar o jogo que nem todos estão a conseguir acompanhar. Nélson Veríssimo voltou a mudar na frente, onde Yaremchuk não conseguiu ser a referência que se esperava. A equipa subiu de patamar na segunda parte, já sem o ucraniano, e com Everton na linha - onde Darwin se «perde» demasiadas vezes.
Contudo, foi precisamente de uma investida pela esquerda que o uruguaio conquistou o «ouro» para as águias. A grande penalidade que valeu o triunfo ao Benfica teve em João Basso o azarado, o mesmo que pouco antes do intervalo consumou um jogo infeliz ao permitir que Vlachodimos lhe defendesse o penálti. O internacional grego redimiu-se, com isso, da asneira que tinha provocado o castigo máximo.
Este é o resumo em traços gerais da segunda vitória encarnada na era Nélson Veríssimo. O Benfica ainda não convence, muito menos entusiasma. A linha defensiva treme em situações desnecessárias - que calafrio aos 57 minutos -, a dupla Weigl/João Mário perdeu o entendimento que dava fluidez e consistência nos melhores momentos de início de época e o ataque é pouco acutilante.
Depois, o anarquismo. A primeira parte foi um nó intrincado para quem quis ler o jogo encarnado. Perante um Arouca em bloco baixo, faltou saber se a intenção primordial do Benfica era explorar o jogo interior - onde Paulo Bernardo tentou mas pouco conseguiu - ou as bolas longas saídas, não raras vezes, dos pés de Vertonghen e de Otamendi. Foi tudo e não foi quase nada.
Por isso, o perigo foi esporádico. Ao golo de Darwin, de grande penalidade, aos 32 minutos, só outro lance com o uruguaio, logo aos nove, aproximou as águias da baliza de Victor Braga - valeu Quaresma a salvar em cima da linha de baliza. Mais perigo só na segunda parte, quando o Benfica apareceu mais organizado, com Everton e Rafa a «cheiraram» o segundo.
Houve mais Paulo Bernardo, «Cebolinha» entrou bem e os encarnados tiveram um quarto de hora em que o futebol foi produzido com algum critério. Mas ficou-se por aí. E o Arouca, pouco atrevido até à hora de jogo, arregaçou as mangas e foi à procura de algo na etapa final. E o Benfica viu-se, de repente, encostado às cordas e a lutar pela sobrevivência.
Ficou a dúvida se os últimos 20 minutos resultaram do crescimento voluntário dos arouquenses ou da inexplicável marcha-atrás do conjunto da Luz. Talvez os dois. O triunfo, pela margem mínima, aceita-se mas esteve em causa, porque Bukia e Antony ameaçaram e de que maneira. Era o Benfica sem olhos na frente e com a língua de fora. Foi defender, defender e defender até que Gonçalo Ramos libertou o sofrimento com o golo já em período de compensação - e onde João Basso se deixou antecipar.
0-2 | ||
Darwin Núñez 32' (g.p.) Gonçalo Ramos 90' |
O internacional grego teve o momento infeliz que redundou na falta sobre Arsénio e na grande penalidade para o Arouca, mas respondeu à altura ao defender com o pé o castigo máximo e, sobretudo, foi decisivo no pior período da equipa.
O momento não é o melhor, é certo, mas é difícil encontrar explicações para os últimos 20 minutos do Benfica. Perante um Arouca, até então, inofensivo, as águias convidaram a equipa da casa a criar perigo. Correu bem, mas...