Com um golo de Ilori pouco depois de Estupiñán ter feito o da vantagem vitoriana, que tanto estava a ser cozinhada, o Boavista levou um ponto de Guimarães e até podia ter virado no fim: Bruno Varela, que já tinha brilhado na primeira parte, tirou o triunfo a Sauer, num jogo em que os vimaranenses estiveram globalmente por cima e, pese embora as ausências de Edwards, Sacko e Quaresma, criaram mais oportunidades, frente a uma formação fria e cerebral.
Marcus Edwards, com Covid-19, foi a grande baixa para este jogo e, pela excelente forma que tem apresentado, necessariamente obrigou a que a equipa de Pepa encontrasse outras soluções para a criação. Foi um Vitória a querer mandar o que se apresentou em casa contra o Boavista, num dos clássicos do futebol português, o que também teve o consentimento dos axadrezados.
Petit entrou bem, com ótimos resultados, e a equipa já sabe estar baixa sem estar nervosa. É a maior nota neste Boavista, com um posicionamento rígido e acertado, e com as três linhas (defesa, meio-campo, ataque) muito juntas no momento sem bola. Foram mais os momentos sem a ter, embora, reforçamos, sem qualquer problema da parte axadrezada, que convidava o adversário aos remates de meia-distância - não foi só desse modo, claro, até por Lameiras e Rochinha apresentaram-se a bom nível na condução para a área, mas era parte da estratégia.
Nada nestes parágrafos o confunda, caro leitor. O Vitória foi globalmente dominador e o mais ameaçador. Com exceção do tal momento duplo, ao minuto 28, a equipa da casa foi superior.
E isso não se alterou na segunda parte. Ou melhor, agudizou-se. Os vimaranenses cresceram no campo e o Boavista, com Sauer muito mais bem tapado, foi incapaz de voltar a sair - até porque Ntep, que entrou para o lugar de Yusupha, praticamente não se viu e a equipa teve menos soluções no ataque.
Estupiñán e Rochinha desperdiçaram as principais oportunidades nesse período e, depois, começou a olhar-se para o banco, já que faltavam soluções para refrescar os desgastados avançados...
Nesse período de desgaste, Pepa não pôde lançar homens de velocidade - não os tinha - portanto optou por dar mais frescura ao meio-campo... e seriam precisamente os que já lá estavam os que conseguiram chegar ao golo, num erro de Bracali após remate de Lameiras, a largar a bola para a frente, onde o oportuno Estupiñán conseguiu o golo.
Uns tiveram o pássaro na mão, os outros também lhe pegaram e, não tendo havido voo de fuga para ninguém, também não houve total alegria com o ponto amealhado. Muito mais no Vitória do que no Boavista, diga-se, apesar de os últimos segundos quase terem tido reviravolta, num livre de Sauer que Varela sacudiu com grande dose de importância.
Sem Edwards e Quaresma, já se sabia que muito ia recair sobre Rochinha, mas Lameiras nunca se remeteu a um papel secundário e ajudou bastante o seu colega de ataque, fazendo com que a equipa produzisse várias oportunidades e minimizando essas mesmas ausências.
O Boavista foi muito coeso e bastante eficaz nas ações defensivas, mas exagerou um pouco, sobretudo na segunda parte, nas quebras de jogo. Não é bonito, percebe-se que isso espicaça o adversário e pode levá-lo ao ponto de fervura, mas há qualidade no Bessa para não ser preciso tal.
Arbitragem com pouca qualidade. Apesar de não ter tido um daqueles erros crassos, em golos ou penáltis, conduziu o jogo com deficiências e não conseguiu evitar que os adeptos se enfurecessem com algumas condutas menos dignas.