Houve coração, emoção, muitos cartões, uma expulsão... E uma vitória para o Portimonense, que carimbou o acesso à fase seguinte da prova. Na estreia de Rui Pedro Silva como sucessor de Ivo Vieira, o Famalicão começou em desvantagem, mas beneficiou de uma expulsão de Aylton Boa Morte, autor do golo dos algarvios, e foi crescendo, criando uma avalanche ofensiva que, ainda assim, não foi suficiente para virar o jogo dentro do tempo regulamentar (nem no prolongamento). Nos penáltis, a formação da casa também não conseguiu ser feliz, com Payam a ser decisivo para a qualificação algarvia.
Com tão pouco tempo de trabalho era expectável que não fossem notadas grandes mudanças no Famalicão. A atitude e a intensidade fizeram-se sentir de início contra um Portimonense a atuar com uma linha de quatro atrás - ao contrário do que tem sido habitual - e com várias alterações promovidas por Paulo Sérgio.
Por isso, tirando uma tentativa perigosa de Batubinsika nos instantes iniciais, praticamente nada de relevante aconteceu em ambas as balizas durante largos minutos. Só Payam, numa fase mais avançada, sentiu alguns calafrios que não passaram disso mesmo.
O Portimonense apostava em bolas na profundidade e falhava em criar, mas, perto do intervalo, entrou Aylton Boa Morte em ação. Foi dele a desmarcação, criação e finalização de um lance que deixou Batubinsika em claras dificuldades para travar o extremo. Pior timing não podia ter sido para os da casa...
E se tinha sido preponderante na primeira parte, Aylton borrou a pintura instantes após o regresso das boxes, recebendo duplo amarelo e colocando o Portimonense numa posição de inferioridade numérica durante quase toda a segunda parte.
Perante esse cenário, o treinador dos algarvios reforçou o coração da defesa e refrescou o ataque, dando outro tipo de soluções a uma equipa claramente de mangas arregaçadas.
Rui Pedro Silva foi lançando peças ofensivas com o intuito de reverter a situação e a explosão de alegria aconteceu já para lá do minuto 80, com Bruno Rodrigues a desviar para o fundo das redes algarvias na sequência de um canto. A toada permaneceu idêntica - Famalicão a carregar -, mas o empate persistiu até ao apito final, forçando o prolongamento.
Aproveitando a natural inclinação do adversário em terrenos mais adiantados, o Portimonense conseguiu, pontualmente, criar mais perigo junto da baliza de Luiz Jr, ao passo que, do outro lado, Payam continuou a evitar males maiores para os visitantes.
Apesar das tentativas, o jogo acabou mesmo por ir ao desempate por grandes penalidades. Aí, Payam, que havia realizado várias defesas importantíssimas, voltou a ser figura, defendendo a primeira tentativa de Banza e a última de Pickel.
É verdade que decidiu bem na expulsão de Aylton - ao contrário do primeiro amarelo -, mas a arbitragem de Manuel Oliveira não foi muito feliz. Parecia, numa momento inicial, que ia optar por um critério largo e acabou por perder a mão firme durante o encontro, levando a algumas decisões pouco acertadas.
A situação de suplente de Samuel Portugal não é, propriamente, agradável, mas Payam deu, em Famalicão, mostras de que pode ser uma alternativa de qualidade, revelando-se preponderante na passagem da sua equipa para a fase seguinte.
O Portimonense acabou por ser feliz, é certo, mas a expulsão de Aylton colocou a formação comandada por Paulo Sérgio em sérias dificuldades durante grande parte do encontro, sendo que o próprio passou a ter sentido único.