Foi a 15 de maio de 1964 que João Pedro Morais decidiu a finalíssima da Taça das Taças a favor do Sporting com um canto direto. O momento ficou para sempre na história do emblema de Alvalade e é recordado carinhosamente como «Cantinho do Morais». Pois bem, muitos anos depois, há um outro canto a ficar célebre em Alvalade. É o de Sebastián Coates. O capitão leonino voltou a saltar mais alto do que todos os outros e decidiu mais um jogo na sequência de um pontapé de canto, desta feita diante do Vitória SC, num jogo que foi tudo menos fácil para os leões.
O jogo era de importância máxima para os leões, até pelo deslize do Benfica minutos antes do apito inicial em Alvalade, e, por isso mesmo, Rúben Amorim voltou ao onze visto como titular (Matheus Reis parece ter ganha a corrida na ala esquerda) e o Sporting começou a todo o gás. Logo aos cinco minutos, Pedro Gonçalves surgiu isolado, mas Bruno Varela gritou «presente!» e voltou a fazê-lo pouco depois, agora a remate de Pedro Porro.
A insistência leonina deu frutos à passagem da meia-hora de jogo. Primeiro, Pedro Gonçalves ainda viu o regresso aos golos ser anulado, mas depois Sebástian Coates fez uso da sua imagem de marca e desviou um pontapé de canto de Sarabia para o fundo das redes depois de um primeiro desvio de Paulinho. Só a partir daqui é que o Vitória SC conseguiu ter bola e chegou mesmo a obrigar o Sporting a recuar no terreno, mas, à exceção de um remate cruzado de Bruno Duarte, não resultou em perigo. De resto, até foi o Sporting a marcar, por Sarabia, mas o espanhol voltou a ser apanhado em fora de jogo.
A segunda parte podia ter começado da melhor forma para o Sporting, mas Matheus Nunes falhou um golo que parecia feito e, a partir daí, não foi uma missão assim tão fácil para o leão, pelo contrário. O Vitória SC surgia agora com o bloco mais subido, pressionava mais alto e tinha mais bola, mas continuava com dificuldades em criar perigo perante uma linha defensiva do Sporting que não cometia erros e não deixava qualquer espaço por fechar, com Coates à cabeça, pois claro.
Tal como Pepa sentiu, também Amorim percebia que precisava de fazer algo para segurar o jogo e tentou recuperar o meio-campo com a entrada de Ugarte. A estratégia funcionou, não a cem por cento, uma vez que a incerteza no marcador só terminou com o apito final – momento de grande alívio em Alvalade -, mas até certo ponto, uma vez que o Vitória, apesar de tentar, não voltou a conseguir incomodar Adán. No fim das contas, sorriu o leão, que está de regresso ao trono, ainda que a meias com o FC Porto.
No último jogo do Sporting, apelidámos o canto de Coates de cheat code, uma espécie de batota que existe no mundo dos video jogos. Pois bem, de forma impressionante e apesar de já todos estarem mais do que avisados, Coates voltou a marcar de canto e decidiu mais uma partida a favor dos leões, tornando-se ainda no primeiro defesa leonino a marcar em três jogos consecutivos em 59 anos, sucedendo a... Morais.
O Sporting vive a melhor fase da época, com seis vitórias consecutivas. No entanto, apesar de haver muitas razões para festejar, também há uma para desconfiar. É que foi também o terceiro jogo consecutivo em que os leões venceram pela margem mínima e tiveram de passar por muito sofrimento para conseguir o triunfo. Pode ser apenas um acaso, mas também pode não ser bom sinal.