O Arouca deu um passe enorme rumo ao principal escalão do futebol português. Tal como a ponte pedonal recentemente inaugurada na região, uma novidade arquitetónica a nível mundial, também a equipa construiu o caminho de regresso à I Liga com uma exibição convincente e eficaz. Os homens de Armando Evangelistas abriram o play-off para a I Liga com um resultado expressivo (3x0) sobre o Rio Ave.
A equipa de Miguel Cardoso foi, desde o início, demasiado previsível e lenta, como, de resto, foi durante toda a temporada, para justificar outro resultado. As fragilidades defensivas ficaram por demais evidentes e as dificuldades no ataque continuaram a caminho de uma derrota que coloca a equipa a necessitar de quase um milagre para virar a eliminatória no próximo domingo.
De um lado o sonho de regressar à companhia dos grandes depois de quatro anos de ausência. Do outro, a hipótese de dar alguma luz a uma campanha que começou na Europa, mas terminou em sofrimento. Os adeptos de ambas as cores não quiseram faltar ao momento da decisão e juntaram-se perto das bancadas, do lado de fora, naturalmente.
Miguel Cardoso repetiu a equipa da última jornada que venceu na Madeira e agarrou-se, como sempre, à sua identidade. Depois de cerca de dez minutos de jogo dividido, o Rio Ave soltou-se da pressão e passou a dominar a posse, ainda que com os problemas de sempre. Muitos passes na defesa e incapacidade de desequilibrar na frente definem os primeiros 45 minutos vilacondenses.
A juntar a isso, do outro lado estava um Arouca habituado a lutar para vencer em todos os jogos, com a sequência de nove triunfos consecutivos a fechar a temporada como exemplo disso. As rotinas estavam bem trabalhadas e a equipa mostrou, pouco depois da meia hora de jogo, que, com poucos passes, conseguia chegar com critério à baliza de Kieszek. A primeira tentativa acabou com um remate de Arsénio, mas a segunda, num lance muito semelhante e bem definido pela direita, acabou com um remate em arco de Pité para o fundo das redes.
Esperava-se uma reação da equipa visitante, sobretudo nos processos que se pediam mais rápidos. É verdade que foi capaz de dar vários minutos de mais intensidade e pendor ofensivo, mas o Arouca, em vantagem, ia quebrando o ritmo com faltas a meio campo.
Do lado de fora, os incentivos dos adeptos que viajaram de Vila do Conde transformaram-se em silêncio e dentro do campo a equipa fazia pouco para justificar outro desfecho. As substituições resultaram em pouco mais do que aproximações discretas à baliza de Victor Braga e de um enorme desperdício de Júnior Brandão.
A vantagem já era confortável, mas os homens de Armando Evangelista não quiseram limitar-se a defender à frente da área. A pressão continuou alta, perante um Rio Abe a tentar, até ao fim, algo que desse alguma esperança para a segunda mão. A bola não entrou e a tarefa avizinha-se complicada para os homens de Miguel Cardoso no próximo domingo.
Poucos arriscariam apostar neste desfecho, muito menos este resultado. A verdade é que o Arouca foi mais competente, a espaços superior e sai com vantagem para a segunda mão do play-off.
A época do Rio Ave é, facilmente, resumida com este jogo. O futebol jogado nunca foi suficiente, com problemas graves nos vários momentos, que ficaram bem visíveis nesta partida. Miguel Cardoso tem uma tarefa muito difícil pela frente.
Dúvidas em duas grandes penalidades, uma para cada lado. Queda de Dala para o Rio Ave e braço na bola de Pelé na área. De resto, arbitragem tranquila de João Pinheiro.