A noite era de Champions, mas no Minho disputou-se o eterno dérbi entre SC Braga e Vitória SC. A equipa da casa deu uma lição de eficácia na primeira parte e usou a segunda para controlar um adversário que só a espaços foi capaz de criar algum perigo.
Num dérbi que se esperava quentinho, a ausência dos adeptos pode ter provocado um jogo bem mais calmo, sobretudo na primeira parte, em que as faltas foram poucas e os duelos também. Abel Ruiz mostrou o porquê de ser o substituto à altura de Paulinho e desmontou o Vitória. Nessa mesma noite de estrelas, os Guerreiros voltaram a subir ao segundo lugar da classificação, que dá direito ao apuramento direto para a Liga dos Campeões da próxima temporada.
Com mais tempo para preparar o dérbi do que o normal, Carvalhal só teve de pedir à sua equipa para entrar mais ligada e atenta ao jogo do que o adversário, isto porque, apesar de todo o peso do duelo, com o qual os conquistadores estão bem familiarizados, a diferença do ritmo inicial notou-se e quando João Henriques deu por isso já era tarde demais. Graças a um lançamento lateral (que já tinha sido fatal), Abel Ruiz apanhou a defesa adversária a dormir e serviu Piazón, que teve tempo para tudo.
Com a posse de bola a seu favor, cabia a Edwards e Rochinha a tarefa de tentar furar as linhas bem organizadas dos Guerreiros, que ainda tinham um tal de Al Musrati. Cada vez com maior preponderância, o médio líbio controlou o meio campo de tal forma que os vitorianos procuravam as linhas para encontrar espaço.
Bem mais pragmático e eficaz, o SC Braga chegou ao segundo por intermédio de Abel Ruiz num belo trabalho do avançado espanhol. A passividade dos visitante voltou a estar em evidência e tudo pareceu fácil na zona central do ataque com muito espaço de manobra e um toque sublime sobre Mumin a desbloquear.
Um pouco diferente do que tem sido habitual na temporada, os homens de Carvalhal terminaram a primeira parte com números muito inferiores de posse de bola, mas com uma vantagem justa pela maneira como aproveitaram as oportunidades que tiveram. Edwards ainda mandou uma bola à barra em cima da ordem para recolher, mas a vantagem era confortável ao intervalo.
Para o Vitória era obrigatório evitar uma entrada igual à da primeira parte, que seria fatal. Por isso, a ideia foi assumir cedo e foi isso mesmo que aconteceu. Dez minutos de alta intensidade encostaram os arsenalistas à sua área e por duas vezes Bruno Duarte ficou a centímetros do golo.
Já depois de Abel Ruiz ter ameaçado o terceiro, que acabou anulado por posição irregular do espanhol, João Henriques deu Quaresma ao jogo para o lugar de Edwards, que até vinha sendo um dos mais desequilibradores do jogo. A entrada do Mustang trouxe critério nos cruzamentos, mas a falta da referência Estupinán foi notória, porque a dificuldade em obrigar Matheus a se esforçar manteve-se.
O recém-entrado Sporar saltou do banco para sentenciar o dérbi com o terceiro golo. Num 3x0 algo exagerado, mas nada injusto, o SC Braga voltou a sorrir num dérbi que tem sido cada vez mais vermelho.
Abel Ruiz já tinha mostrado no Dragão que é capaz de ser decisivo e, no dérbi desta terça-feira, comprovou mesmo que é o substituto a Paulinho que os adeptos desejavam. Uma assistência e um golo (de muita qualidade) deram o mote para um jogo tranquilo e para a afirmação do jovem espanhol.
Tanto se falou dos incidentes do dérbi da primeira volta, que este teve luta a menos. O ambiente não é o mesmo devido à ausência dos adeptos, mas esperava-se em campo um jogo bem mais quente e rasgadinho do que realmente foi.
Hugo Miguel poderia ter tido um jogo agitado, até pelo exemplo da primeira volta, mas soube controlar as ocorrências e não deixar sair do normalO