Quatro jogos, quatro vitórias, cinco pontos de avanço para o atual campeão. O Benfica de Jorge Jesus aproveitou da melhor forma o empate dos rivais e somou mais três pontos em Vila do Conde, fazendo algo que não fazia desde a anterior era de Jorge Jesus: vencer nos Arcos por mais de um golo de diferença. Desta vez até foram três.
Os encarnados deixaram para trás a tremideira da receção ao Farense e logo no primeiro tempo introduziram por quatro vezes a bola na baliza de Kieszek... mas João Pinheiro só validou duas, anulando outras tantas por fora-de-jogo.
Ainda assim, o segundo bis de Luca Waldschmidt com a camisola do Benfica dava algum conforto ao intervalo e a equipa de Jesus ainda fez o terceiro por Gabriel no segundo tempo, depois de ter tido um penálti anulado (por fora-de-jogo, para não variar).
No fim, um triunfo inequívoco com margem confortável e construído com três golos de pé esquerdo.
Em busca dos 12 pontos no campeonato, Jorge Jesus sabia que uma entrada forte poderia condicionar um Rio Ave para quem os problemas têm chegado principalmente na fase inicial dos jogos... e os jogadores corresponderam. Vertonghen voltou ao onze após lesão (com uma máscara), ao lado de Otamendi, mas esta parceria estreante nem teve trabalho por aí além na primeira fase do encontro.
Foram outras parcerias, lá na frente, que se mostraram desde cedo. Logo aos seis minutos, uma parceria de cinco jogadores, numa excelente reação ao primeiro grande pecado de Aderllan Santos no jogo, valeu o primeiro golo. Gabriel intercetou, Rafa cruzou bem alto, Darwin tocou de cabeça, Everton mostrou todo o seu samba com um toque de luxo e Waldschmidt atirou a contar, completando uma grande jogada coletiva e deixando o Rio Ave atrás do resultado, como tem sido hábito neste início de época.
A pressão alta do Benfica causava grandes problemas aos homens de Mário Silva, que ainda assim queriam mostrar a sua identidade com bola e conseguiram-no durante um curto período após o primeiro golo. Com atitude positiva, a equipa da casa ia trocando a bola de forma segura, aproximou-se de Vlachodimos num lance que foi anulado por posição irregular, Ivo Pinto assumiu a iniciativa para ameaçar ligeiramente o guardião... pequenos bons indicadores, mas a primeira parte era mesmo do Benfica.
Jorge Jesus perdeu André Almeida bem cedo, estreando Gilberto em jogos oficiais, mas esse contratempo não fragilizou a equipa, que viria a conseguir reassumir as rédeas do jogo e somar uma série de ataques bem sucedidos, embora apenas mais um com efeito direto no resultado antes do intervalo.
Aos 19', uma perda de bola imperdoável de Aderllan Santos (segundo grande pecado) permitiu a Waldschmidt oferecer o golo a Darwin... na teoria, o primeiro do uruguaio com a camisola do Benfica, mas João Pinheiro veio a anular o lance por fora-de-jogo do ponta-de-lança. Exatos dez minutos depois, igual desfecho, com protagonistas invertidos: Darwin a entregar a Waldschmidt, o alemão a arrancar por ali fora e a bater Kieszek, com esse lance a ser também anulado.
As duas decisões da equipa de arbitragem poderiam ter frustrado as águias, mas a equipa de Jesus conseguiu mesmo o segundo golo que teimava em não aparecer. Já muito perto do apito final, Darwin somou a quarta assistência em quatro jogos e ofereceu o bis a Waldschmidt, que chegava assim aos quatro golos de águia ao peito.
O Rio Ave precisava de corrigir muito para conseguir ameaçar os encarnados, e de certa forma até o conseguiu, mesmo que não viessem os efeitos práticos. As perdas de bola em zona proibida não desapareceram - Filipe Augusto, por exemplo, ofereceu a Darwin a hipótese de um remate ameaçador -, mas os vila-condenses ainda conseguiram pelo menos ameaçar o 1x2.
Lucas Piazón foi a primeiro a ter uma oportunidade digna de ser chamada como tal, perdendo o duelo com Vlachodimos, Gabrielzinho teve também nos pés uma excelente oportunidade para reduzir, depois de ter sido uma das várias substituições de Mário Silva ao longo do segundo tempo, mas o extremo não conseguiu evitar o desvio salvador de Gilberto
Pelo meio, o Benfica viu o árbitro assinalar um penálti por falta de Aderllan Santos sobre Darwin mas mais uma vez houve intervenção do VAR e mais um lance foi anulado, por suposto fora-de-jogo do ponta-de-lança uruguaio (os 42 centímetros indicados não parecem ter grande justificação com base nas imagens).
Não foi nesse momento, foi já perto do fim que o 0x3 final surgiu com Gabriel a juntar à boa prestação a nível defensivo o primeiro golo da época, com um remate de primeira para o fundo das redes de Kieszek depois de um toque de cabeça de Seferovic.
O resultado não deixou margem para dúvidas e recompensou um Benfica que não se deixou anular em Vila do Conde, ganhando algum terreno na luta pelo título nesta fase bem inicial da temporada.
Noite de muito trabalho para a equipa de arbitragem e em particular para o VAR. Ter anulado os dois golos justifica-se com base nas imagens, mas as imagens disponíveis do penálti anulado não são conclusivas por inteiro, sendo que a indicação dos 42 centímetros nos parece, à primeira vista, exagerada. Estaria a relva assim tão mal cortada?
Muito boas jogadas ofensivas da equipa encarnada, tanto nos golos validados como nos invalidados e ainda em outros lances que não deram golo. Houve muito bom entendimento entre as peças lá na frente, não tendo a equipa ficado dependente de uma ou outra individualidade mas sim conciliado uma série delas.
A equipa de Vila do Conde fez um jogo inseguro e isso notou-se nas perdas de bola em zona proibida. Aderllan Santos foi a face mais visível disso mesmo, com um passe errado no lance do primeiro golo, uma bola perdida num golo que seria anulado e ainda um penálti provocado e também anulado. Também Borevkovic permitiu que Darwin lhe tirasse a bola em zona proibida.