No futebol, nem sempre ganha a equipa mais forte ou com mais argumentos. Por vezes, ganha aquela que sabe aproveitar as oportunidades. No Bessa, o Boavista fez isso mesmo. Os axadrezados deram uma lição de eficácia e bateram o Vitória por 2x0.
Os momentos eram diferentes para as equipas na altura em que Carlos Xistra apitou para o arranque da partida. O Boavista chegava de uma vitória, algo que não se via há algum tempo nos lados do Bessa. Já o Vitória ainda carregava o peso das duas derrotas, na Taça da Liga e, em casa, frente ao Rio Ave.
E o técnicos transmitiram isso mesmo, ainda que de forma indireta. Daniel Ramos fez apenas uma alteração, e forçada, no onze, enquanto Ivo Vieira operou uma revolução na equipa. Ao todo, foram seis os elementos que ganharam a titularidade.
Desde cedo se percebeu que a tendência seria esta: Vitória com mais bola e mais domínio e um Boavista com bloco mais baixo, à procura das transições rápidas. Mas o que os minhotos não esperavam era bater-se com a estratégia montada por Daniel Ramos.
A dupla de médios composta por Obiora e Ackah guardava a linha mais recuada dos portuenses comandada pelo experiente, e sempre presente, Ricardo Costa. JC Teixeira, o mais inconformado dos visitantes, sentiu na pele a solidez dos dois africanos. O médio português tentou de várias formas, mas não havia maneira de lá chegar.
Quem não precisou de muitas oportunidades foi o Boavista que, no primeiro remate enquadrado, surpreendeu os vitorianos. Num daqueles contra-ataques, a bola sobrou para Carraça, que fuzilou a baliza defendida por Douglas.
Se o Boavista já estava confortável na partida, ainda mais ficou. Até ao intervalo, mais bola para os minhotos e um jogo mais cínico das panteras, com muitas faltas a meio campo a quebrar o ritmo de jogo.
Esperava-se uma reação vitoriana no reatamento da partida. A verdade é que entrou com mais vontade, mas os fantasmas da primeira parte pairavam sobre a equipa de Guimarães.
E o melhor exemplo disso foi o segundo golo sofrido. Quase a papel químico do que aconteceu no primeiro, os homens de Daniel Ramos aproveitaram uma transição rápida para apanhar o adversário descompensado e voltar a marcar. Desta feita, o autor foi Heriberto, a passe de Paulinho.
Ivo Vieira não esperou muito para fazer uma dupla alteração e lançar dois elementos do ataque, Bonatini e Edwards, habituais titulares, à espera de uma resposta e alguma clareza que pudesse acender alguma esperança. Do outro lado, Daniel Ramos respondeu com Marlon, mais um defesa, formando uma linha de seis defesas.
Ainda antes do apito final, o técnico dos axadrezados lançou Idris, numa verdadeira tentativa de abdicar de ter posse e aguentar até ao final. E foi bem sucedido. O Vitória ainda tentou, mas o que os homens de campo não conseguiam tirar, era Helton Leite que sacodia e o resultado não mais se alterou.
Desde o apito inicial até ao recolher dos balneários, Ackah e Obiora foram a verdadeira definição de muralha. Com o arrastar do jogo receberam ajuda, mas aguentaram o barco de forma exemplar.
Ivo Vieira, descontente com o último resultado, quis mudar mais de metade do onze. O que se notou foi uma clara falta de ideias dos que estiveram envolvidos. Com estes números de posse, exige-se mais critério.
Carlos Xistra teve algum trabalho durante os 90 minutos pelo tom «quentinho» do jogo, mas manteve o critério nos cartões. No lance do primeiro golo ficam dúvidas acerca de uma possível falta no lance.