*com João Gonçalo Silva
Um pontapé na crise. O Portimonense voltou às vitórias para a Liga NOS três meses depois. Os algarvios bateram o surpreendente Famalicão por 2x1, na melhor exibição da temporada, não só pela qualidade do adversário, mas também pelo que fizeram e como souberam gerir o resultado.
O jogo até nem começou muito entusiasmante, com poucas oportunidades para cada lado. No primeiro quarto de hora as equipas anularam-se e o Famalicão, com mais posse, ia controlando as incidências da partida. Muita luta, mas pouca objetividade. António Folha tinha a difícil tarefa de motivar um grupo que já não sente o sabor da vitória na Liga NOS desde agosto.
Mas eis que dá-se o clique no Municipal de Portimão. A partir do minuto 17 começou o domínio dos homens da casa. João Pedro Sousa alertou para os perigos do Portimonense na conferência de antevisão do jogo, mas a sua equipa não soube reagir à subida de rendimento dos algarvios.
Num curto espaço de tempo, somaram quatro grandes oportunidades para inaugurar o marcador, o que acabou por acontecer à passagem da meia hora de jogo. Aylton Boa Morte cruzou, a bola atravessou toda a área, ninguém do Famalicão tirou e Dener agradeceu. Com um remate de primeira, o brasileiro deu justiça ao resultado ao minuto 33.
Gostava Folha, João Pedro Sousa nem por isso. Os famalicenses sacudiram a pressão e voltaram a assumir o controlo de jogo. Aqueles 15 minutos acabaram por fazer toda a diferença na primeira parte. Ainda assim, muito mérito para o Portimonense que soube aproveitar o melhor momento. O Fama esteve bem, mas os algarvios estiveram ainda melhor. Os melhores 45 minutos da temporada.
No segundo tempo, a reação continuou. Mais controlo, mas sempre pouca eficácia. Com mérito próprio, é certo, mas por culpa do Portimonense. A equipa de Folha baixou as linhas e deu, ainda mais, iniciativa ao Famalicão.
O terceiro classificado da Liga NOS aproveitou, voltou à carga, mas a falta de pontaria apareceu na pior altura. Toni Martínez e Pedro Gonçalves foram a cara da ineficácia famalicense, a desperdiçar duas ocasiões claras. Mas é claro que quem continua a falhar, corre o risco de sofrer.
A aproveitar um erro crasso de Nehuén Pérez, que não conseguiu tirar a bola, Aylton Boa Morte foi à área ganhar penálti. Lucas Possignolo não facilitou e aumentou a vantagem, aos 73 minutos. Contra a corrente do jogo, o Portimonense viu recompensada a estratégia de deixar jogar e controlar sem bola.
Depois do segundo, voltaram à carga mas manteve-se a falta de pontaria. Diogo Gonçalves mandou ao poste, numa representação perfeita do que foi o jogo. Já a fechar, Ricardo Ferreira teve um momento insólito. Falhou a abordagem a uma saída e, a tentar recuperar, bateu contra Schiappacasse e derrubou-o dentro de área. Fábio Martins permitiu a defesa do guarda-redes, mas, na recarga, reduziu a desvantagem.
Até este momento com apenas uma derrota, no Estádio do Dragão, o Famalicão foi derrotado. Atravessam a pior fase da época no campeonato com três partidas consecutivas sem vencer e os concorrentes pela Europa estão cada vez mais perto.
Já o Portimonense faz o oposto e dá um pontapé na crise que assombrava a costa algarvia. A segunda vitória chega num momento em que Folha estava a perder o apoio dos adeptos e a equipa foge de perto dos lugares de despromoção.
Foram 15 minutos de domínio total sobre um Famalicão que. normalmente, não o permite a muitas equipas. Com sucessivas oportunidades de golo, só pecou por ter resultado em apenas um golo. Poderia muito bem ter resolvido ali o jogo.
Apesar de uns furos abaixo do habitual, o Famalicão esteve por cima na segunda parte e podia ter empatado. Mas na pior altura possível, Nehuén Pérez teve um erro grave que resultou na grande penalidade que deu o segundo golo. Talvez pudesse ter outro desfecho caso não tivesse acontecido.
Sem grandes decisões complicadas para tomar. Esteve bem a ajuizar ambas as grandes penalidades e foi justo no critério disciplinar para as duas equipas.