Não foi uma exibição brilhante, voltaram a aparecer erros, assobios e lenços brancos para Frederico Varandas, mas o Sporting teve o regresso que queria ao campeonato. Os leões venceram o Vitória, por 3x1, e ultrapassaram a equipa de Guimarães na classificação. Sem Taça de Portugal e com dificuldades na Taça da Liga, os leões procuram dar algum rumo à temporada. Ainda há muito a corrigir, um longo caminho a percorrer, mas é sempre preciso começar por algum lado.
A ressaca europeia estava a ser feita de maneiras diferentes e contrárias aos resultados a meio da semana. O Sporting vinha de uma vitória que a nível futebolístico não trouxe muitos sinais positivos, o Vitória SC trazia exatamente o contrário. A equipa de Ivo Vieira não conquistou pontos em Londres, mas vincou a garantia de bom futebol e de uma identidade própria, a manter em qualquer estádio, incluindo Alvalade. Para corrigir o que esteve mal, Silas mexeu no meio-campo, mas foi a entrada de Jesé para o ataque (e a saída de Luiz Phellype) que mais surpreendeu. A equipa procurava uma dinâmica diferente, até porque pela frente ia ter um adversário capaz de assumir jogo e desta vez não ia ser diferente.
O início da partida foi interessante, com o Vitória ainda a adaptar-se às dinâmicas diferentes dos leões. Com Vietto sem grandes responsabilidades defensivas, o argentino esteve solto e os leões procuraram aproveitar essa mobilidade e a de Jesé para entrar em zonas de perigo. Por outro lado, a equipa de Ivo Vieira também tentou explorar os espaços na equipa de Silas, nomeadamente nos corredores laterais. Acuña, na esquerda, esteve quase sempre com a missão de defender dois adversários, mas foi no lado direito da defesa leonina que o Vitória, pelos pés de Davidson, conseguiu ameaçar mais.
Era um Sporting pronto para jogar em transição e à espera de aproveitar a mobilidade e o espaço nas costas da defesa vitoriana. Jesé e Bolasie já tinham tentado, Bruno Fernandes também procurou aparecer em profundidade, mas foi dos pés de Vietto que o Sporting conseguiu desbloquear um Vitória que aos poucos assumia mais o jogo e que até parecia causar mais perigo. A mobilidade leonina acabou por ajudar a tranquilizar e as opções de Silas começaram a dar resultado. Jesé, lançado no onze, teve essa mesma tranquilidade na hora de ultrapassar Miguel Silva para o 1x0. Ao primeiro golo do espanhol com a camisola do Sporting seguiu-se o 2x0, este de Acuña, depois de Frederico Venâncio ter cometido um erro que Vietto voltou a aproveitar.
Parecia estar complicado, mas os dois golos mudaram por completo o jogo. O Sporting era outro com bola, mas nem a vantagem, nem a bola nos pés ajudaram a mostrar uma equipa ofensiva. Os homens de Silas aproveitaram o choque que os de Ivo Vieira sofreram e com isso foram trocando bola em zonas recuadas, mas sempre com dificuldades para ultrapassar o meio-campo. Doumbia sentiu-se claramente um peixe fora de água nesta missão de assumir a saída de bola dos leões e assim o Sporting perdeu uma oportunidade clara de ameaçar ainda mais um Vitória que pedia intervalo a cada minuto que passava.
A vantagem construída na primeira parte trouxe essa tal aparente tranquilidade à equipa de Silas, mas Ivo Vieira tinha uma palavra a dizer. O Vitória SC tentou entrar mais pressionante e bloquear Vietto, o desbloqueador do primeiro tempo. O Sporting, por outro lado, apostou ainda mais no contra-ataque, à procura de um golo que servisse para fechar o resultado. As oportunidades para os leões ainda apareceram e o VAR esteve quase cinco minutos a analisar uma possível grande penalidade sobre Bruno Fernandes, mas depois de tudo isso o Vitória cresceu.
A entrada de João Carlos Teixeira trouxe sangue e ideias novas à formação de Guimarães e Bonatini acabou mesmo por reduzir a desvantagem numa antecipação a Acuña. Estava a ser o melhor período do Vitória e o empate começou a parecer cada vez mais provável. Às duas grandes ameaças de Davidson (grande jogo do brasileiro), o Sporting respondeu... com o golo.
Depois de más exibições, expulsões e autogolos, Coates complementou uma exibição que estava a ser positiva com o 3x1 - Miguel Silva falhou pelo segundo jogo consecutivo. Um momento de redenção que trouxe tranquilidade a um Sporting que, perante a intranquilidade que vive fora das quatro linhas, procura respirar no relvado e no campeonato. Esta vitória pode ajudar. Pelo menos ajudou a ultrapassar a equipa de Guimarães, que, feitas as contas, perdeu os últimos quatro jogos!
Silas mudou ligeiramente as peças no ataque e retirou dividendos. Não foi uma exibição dominante, muito menos no capítulo ofensivo, mas a mobilidade ofensiva e a constante procura dos movimentos de rutura fizeram toda a diferença.
É certo que num jogo coletivo é sempre ingrato apontar culpados, mas é inevitável falar de Miguel Silva. Depois de Londres, o guarda-redes voltou a comprometer e a ficar ligado a um resultado negativo. Foi uma semana para esquecer.