Tem nome de vilão shakespeariano, mas foi herói no primeiro ato de uma nova jornada da Liga. Iago, autor do único golo em Moreira de Cónegos com um belo cabeceamento, permitiu ao Moreirense bater o Portimonense e somar a segunda vitória caseira no segundo jogo caseiro da época.
Eram quatro os pontos somados por minhotos e algarvios, passaram a ser sete os da equipa de Vítor Campelos, que assim começa a ronda a igualar à condição os líderes da tabela desta Liga NOS.
Com as duas equipas a apresentarem os mesmos onzes da jornada anterior, o que mantinha, por exemplo, Lucas Fernandes e Jackson Martínez no banco dos algarvios, houve entrada forte de um Moreirense apoiado nos irmãos Soares a meio-campo, com Pedro Nuno e Bilel a serem soluções nas alas e com a equipa da casa a conseguir ter bola desde muito cedo, impondo-se com clareza.
E se no jogo anterior dos cónegos, então no Bonfim, não tinha havido golos, desta vez só foram precisos sete minutos: na sequência de um livre de Pedro Nuno que a defesa algarvia conseguiu afastar, houve um cruzamento muito largo do ex-leão Abdu Conté que encontrou a cabeça certeira de Iago Santos.
Sem um domínio evidente, longe disso, era o Moreirense que mais assumia o controlo das operações, com o Portimonense a tentar as bolas para as costas da defesa com ajuda da velocidade e técnica de jogadores como Tabata, Aylton, Iury Castilho ou até o lateral japonês Anzai, atento a brechas na ala direita.
Boa parte da primeira metade do jogo, porém, foi cinzenta: notavam-se as estratégias das equipas mas faltavam desequilíbrios e assertividade no passe numa e outra equipa. Lá animou tudo perto do intervalo, com o Portimonense a criar (por fim) ocasiões, com destaque para um remate de Cevallos por cima depois de iniciativa de Tabata à direita. Fábio Pacheco lançou um aviso à baliza oposta com um remate intercetado.
António Folha percebia que as coisas não estavam a funcionar, a equipa algarvia cedia demasiado controlo dos acontecimentos, mesmo para quem jogava fora, e houve mudanças súbitas para a segunda metade: Lucas Fernandes e Jackson, elementos que se estranha ao ver no banco, saltaram para o campo e saíram... o lateral-esquerdo (Henrique) e um médio defensivo (Pedro Sá).
O Portimonense já tinha capacidade técnica em campo e ganhava mais, admitindo conceder mais espaços atrás (que o Moreirense não demonstrava arte para explorar). O Portimonense, porém, também não se mostrava muito inspirado com a bola corrida e ameaçava mais de bola parada, como num cabeceamento de Jadson ou num livre de Lucas Fernandes que foi séria ameaça para Mateus Pasinato.
A capacidade de reação algarvia viria a ficar severamente afetada quando aos 81 minutos Willyan Rocha foi expulso por acumulação depois de uma falta sobre Filipe Soares e o médio Rômulo foi forçado a recuar para a linha defensiva. Aylton dava apoio na faixa esquerda.
Sem capacidade para fazer bolas de perigo chegarem a Jackson ou Iury Castilho, o Portimonense viu mesmo a derrota ser ditada, num jogo em que o Moreirense, sem ser impressionante à exceção da fase inicial do jogo, soube manter a tranquilidade e solidez necessárias.