Cruel, tão cruel...

A injustiça no futebol tem destas coisas. Uma equipa que chega a casa do (só) campeão europeu e se apresenta como fez o Sporting no Santiago Bernabéu merecia uma atenção por parte dos deuses do futebol. A equipa de Jorge Jesus deu uma lição tática, só que teria nos descontos um duplo dissabor e cairia. A história esteve tão perto...

Que bons intérpretes!

Jorge Jesus tinha dito na antevisão que ia privilegiar os que consigo têm trabalhado há mais tempo. Fazia todo o sentido. E assim foi: dos reforços, só Bas Dost apareceu na frente. De resto, os que mais capazes estão de interpretar as ideias do técnico, o que engloba nomes como Gelson ou Bruno César.

Foi o brasileiro a aparecer atrás do ponta de lança, sendo que, em tarefas defensivas, os leões se alteravam para um 4x3x3 com Adrien ao seu lado. Por aí passou a estratégia para tentar anular o campeão europeu e assim foi possível limitar a ação de Kroos e Modric na construção. Casemiro era o que tinha mais espaço, se bem que o que menos qualidade tem com a bola no pé.

Desta maneira, a equipa de gala madrilena ficou seca e não conseguiu o que queria: nem se ocupou do último terço em construção, nem foi capaz de colocar a bola na zona próxima de Rui Patrício em condições para o trio da frente.

Com essa fórmula estancada, tentavam os merengues as bolas nas laterais, mas só Gareth Bale respondia. Cristiano Ronaldo está logicamente fora de forma e Benzema não se apresentou melhor. O galês era quem descaía para a linha para desequilibrar (aí os laterais do Sporting perdiam, logicamente), só que a sua ação acabava na área - jogaço de Semedo e Coates.

Estava tudo a favor

Houve um aviso leonino na primeira parte, quando Gelson cruzou um pouco puxado demais para Bas Dost. Mas, à segunda, não haveria perdão. Jogada pela direita, onde normalmente atacou o Sporting, insistência de Bryan Ruiz e Bruno César a acertar no alvo. Vantagem deliciosa para o Sporting!

Reação madrilena? Nem por isso. Só depois das substituições de Zidane, que levou Vázquez e Morata para o retângulo. A equipa melhorou e o Sporting também foi caindo um pouco, apesar de, tendo bola, se apresentar com segurança. A frescura já não era a mesma e o adversário estava finalmente enraivecido e com a certeza que não seria de qualquer maneira que o golo surgiria.

O leão, ainda que com cabeça, foi perdendo cérebro. Primeiro, Jorge Jesus foi expulso e a equipa ficou sem o técnico no banco. Depois, seria Adrien Silva - estava a ser o melhor - a ser substituído, o que também não ajudou.

Ronaldo...

Morata foi permissivo quando apareceu com espaço, Ronaldo ainda perdoou ao atirar ao poste, mas não falharia em cima do minuto 90. A vitória era um sonho, o empate era muito bom, de qualquer maneira.

Só que a sorte não quis nada com um Sporting que acabou por ceder no último suspiro, num golo vindo do banco. James cruzou, Morata cabeceou e o leão foi ao chão.