Foi um Atlético muito cínico e bastante traiçoeiro aquele que serviu o adversário da mesma forma que este inha feito no Vicente Calderón. O Benfica foi adormecido pela tática contrária, acordou com a abnegação de Renato Sanches e com o golo de Mitroglou, mas não evitou a perda do primeiro lugar do grupo C da Liga dos Campeões.
Júlio César e Lisandro mantiveram-se acordados
Jonas mais à frente
Rui Vitória não mudou o seu 4x4x2 no desenho, mas voltou a preferir Gaitán para apoiar o homem mais adiantado, que foi Jonas pela primeira vez esta época. Não correu bem e o intervalo trouxe correção.
O início de jogo foi estranho. Por um lado, um Benfica aparentemente confortável a ter posse e a jogar com tudo a favor (o empate servia), optando também por não fazer subir os laterais (pois Griezmann impunha respeito). Do outro lado, um Atlético recuado, dormente e estranhamente desinteressado. Ou melhor, assim parecia.
Oblak foi muito assobiado
Numa verdadeira tática do sono, os colchoneros adormeceram a Luz e o Benfica, amarrado a uma falsa ideia de que o adversário estava amorfo. Foram só 15 minutos. Depois, as linhas de pressão dos espanhóis subiram e o Benfica, que estava a ficar moldado a um jogo pastoso, apanhou-se na teia, com interceção de passes vários que deram em transições quase fatais.
Júlio César brilhou e Lisandro somou pontos, mostrando-se bem melhor do que o seu colega do centro da defesa. Um e outro apagaram o estranho fogo que o Atlético ameaçava acender.
Movimentos fatais
Após meia hora de jogo, aconteceu aquilo que já se começava a adivinhar. Golo do Atlético. E pela zona central, num movimento onde o mérito é repartido entre a inteligência de Griezmann e o oportunismo de Saúl Ñiguez, o tal que é o substituto de Tiago.
E o cenário pouco mudou depois disso. Mesmo com o intervalo, que trouxe Mitroglou e a primeira oportunidade encarnada logo a abrir, o Atlético soube quase sempre o que fazer. Estava mais perto do 0x2 do que do empate.
Por isso, o segundo golo de Vietto não espantou e quase resolveu o assunto.
Renascidos por Renato
Sanches voltou a estar muito bem
A Luz caía com esse golo, vencida pelo cinismo espanhol. Poucos pareciam decididos na remontada. Jardel ia dando abébias, Fejsa mantinha-se no seu registo, Gaitán vencia-se por uma limitação física e pela vontade de querer resolver sozinho. Sobravam Jiménez e Mitroglou, que entraram bem, Lisandro, que está a subir muito de rendimento, e o menino Renato Sanches.
O 85, pleno de pujança, era quem puxava pela equipa. Com uma entrega notável, o médio recuperava, pressionava, rematava e mantinha a águia ligada à corrente.
O interruptor foi totalmente acionado com o golo de Mitroglou e, daí até ao fim, foi valendo Oblak, muito assobiado (certamente por tudo menos pela sua qualidade), a segurar a vantagem que coloca os madrilenos no primeiro posto.