A visão de Silas sobre o futebol nacional: Primeiro «os escalões secundários» e «só depois a Primeira Liga»

Têm sido vários os treinadores a analisar o futebol português e a competitividade dentro e fora de portas. Na conferência de imprensa de antevisão ao encontro com o Vitória SC, o zerozero convidou Silas a fazer uma análise sobre o futebol nacional. O treinador do Belenenses apresentou vários pontos curiosos.

O campeonato sub-23 e os escalões secundários

Desde o modelo do campeonato sub-23 aos escalões secundários em Portugal, o treinador do Belenenses sente que antes de se fazerem alterações na Liga NOS é necessário olhar para os modelos dos outros campeonatos nacionais, referindo que a falta de competitividade prejudica o futebol português e obriga os clubes da Primeira Liga a apostar em jogadores de campeonatos estrangeiros.

«Falamos muito do nível competitivo da Primeira Liga e esquecemo-nos um pouco dos escalões secundários, concretamente a Segunda Liga e o Campeonato Nacional», referiu o treinador do Belenenses que depois se pronunciou sobre a possibilidade de existir um campeonato sub-23 em Portugal: «A Federação teve esta iniciativa do campeonato sub-23 que a mim parece-me muito boa. Já em 2013, em Inglaterra, joguei uma competição similiar».

A importância de reformular os escalões secundários foi o ponto-chave da análise de Silas sobre o futebol português.

«Não nos podemos esquecer da Segunda Liga e do Campeonato Nacional. Essas ligas têm modelos que não são competitivos e se não pensarmos nesses modelos, dificilmente vamos ter na Primeira Liga um modelo muito competitivo. Acho que os escalões secundários são a base da Primeira Liga e há que olhar primeiro para esses dois modelos», reforçou.

Menor competitividade leva a aposta no estrangeiro

A falta de competitividade nos escalões secundários acaba por ter influência para lá daquilo que é a competitividade da Primeira Liga. Silas, na sua análise, referiu que o facto de essas competições não serem tão competitivas faz com que os clubes portugueses olhem para os futebolistas estrangeiros. E isso acaba por ter consequências, não apenas para os jogadores portugueses como para as finanças dos clubes.

«Não se pode pensar só na Primeira Liga, porque nós vamos ter de andar sempre a ir buscar jogadores fora. Os jogadores dos escalões secundários em Portugal - Segunda Liga e Campeonato Nacional - não têm modelos competitivos, chega a uma altura, a partir de janeiro e fevereiro, em que os jogos não valem nada. Há poucas equipas a lutar por objetivos e isso vai tornar essas ligas menos competitivas», analisou.

As consequências disso? Silas explica.

«Temos de ir fora mas não temos muito dinheiro, depois não podemos competir com outras ligas», rematou.