No primeiro dia de fevereiro de 2012, as imagens que chegavam de Port Said faziam o mundo questionar-se como seria possível tal coisa acontecer num estádio de futebol. 79 mortos, mais de mil feridos, após os adeptos do Al-Masry saltarem as vedações e lançarem um ataque aos adeptos do Al-Ahly, então treinado por Manuel José. O português, declararia mais tarde que não tinha dúvidas que se tratava de um ataque orquestrado.
Na bancada norte, onde se encontravam os adeptos da casa, havia uma faixa enorme onde se podia ler em inglês: «Nós vamos matar-vos a todos». Manuel José disse que num primeiro momento achou que a faixa não era dedicada aos adeptos do Al-Ahly, mas sim aos média estrangeiros. Contudo, quando percebeu a dimensão do ataque dos adeptos do Al-Masry à bancada dos forasteiros, não teve mais dúvidas sobre o que estava a presenciar e a quem se dedicava tão tétrica ameaça.
Entretanto foi informado que os portões haviam sido fechados por membros da claque local, com intuito de deixar os fãs do Al-Ahly indefesos e sem possibilidade de fuga.
Os locais avançaram munidos com facas, espadas, bastões, atirando pedras, garrafas de vidro e foguetes contra os adversários em pânico. Alguns traziam consigo armas de fogo, provocando o caos entre os forasteiros que ao tentar fugir, acabaram por esmagar muitos dos que ficavam encurralados contra os portões fechados.
A equipa do Al-Ahly, treinadores e dirigentes, fugiram, escondendo-se no balneário, sem contudo se livrarem de algumas agressões e de um susto de morte. Alguns adeptos refugiaram-se no balneário dos visitantes, que foi cercado pela multidão irada. Manuel José e Mohamed Aboutrika - uma das principais estrelas do clube e da seleção - afirmam que certos adeptos que estavam feridos e tinham sido recolhidos acabaram por falecer dentro do balneário.
A confusão só terminou horas depois, quando a polícia pode finalmente pôr cobro à situação, controlando os ultras locais, que agiam em retaliação à perseguição que se diziam votados pelas autoridades, depois de terem sido parte integrante no movimento que um ano antes tinha ocupado a Praça Tahir no Cairo e ajudado à queda do regime de Hosni Mubarak.
Muitas testemunhas condenaram a ação da polícia. Alguns acusam a força policial de retirar as barreiras que dividiam as duas claques, outros confessavam que viram muitos adeptos serem admitidos no interior do estádio sem bilhete, enquanto as autoridades fechavam os olhos ao sucedido.
Reações e julgamento
Nas horas e dias seguintes sucederam-se as reações ao sucedido. A FIFA, pela voz do Presidente Sepp Blatter, lamentou a tragédia, associando a sua dor aos familiares das vítimas e a todo o povo egípcio. A Federação Egípcia suspendeu indefinidamente o Campeonato, até que a 10 de março, cancelou a edição da prova, alegando falta de tempo para terminar a competição. A polícia acusou os ultra do Al-Masry de terem provocado a situação, recusando qualquer acusação de laxismo por parte das autoridades e a total isenção de culpa no sucedido.
O governo condenou o ato, prometendo que iria procurar, acusar e condenar todos os responsáveis pela tragédia. O julgamento foi encarado pelos locais, como um julgamento político contra a oposição.
Após o tribunal acusar e condenar com a pena de morte os primeiros 21 acusados, a população de Port Said revoltou-se, provocando tumultos em toda a cidade, ao ponto das autoridades reconhecerem não terem controlo na cidade. A situação tornou-se insustentável, e Port Said um autêntico barril de pólvora. Com o país em «suspenso» à espera do acórdão relativo a mais 52 acusados, a memória do acontecido há um ano divide a sociedade egípcia e é utilizada como arma de arremesso político.
Longe dos tribunais e das ruas, o futebol egípcio viveu um período negro, com o campeonato a ficar parado a meio, os jogadores ficaram sem possibilidade de jogar. O país perdeu a qualificação para a CAN 2013 e teve uma fraca prestação nos Jogos de
Londres, depois das promessas, acabaram goleados pelo Japão nos quartos-de-final.
Manuel José acabou por abandonar o país, enquanto Aboutrika decidiu abandonar o futebol, sendo acompanhado na decisão pelos internacionais Mohamed Barakat e Emad Moteab. Contudo, meses mais tarde, os três reconsideraram a decisão, voltando a vestir a camisola do Al-Ahly e dos «faraós».
A confusão só terminou horas depois, quando a polícia pode finalmente pôr cobro à situação, controlando os ultras locais, que agiam em retaliação à perseguição que se diziam votados pelas autoridades, depois de terem sido parte integrante no movimento que um ano antes tinha ocupado a Praça Tahir no Cairo e ajudado à queda do regime de Hosni Mubarak.No primeiro dia de fevereiro de 2012, as imagens que chegavam de Port Said faziam o mundo questionar-se como seria possível tal coisa acontecer num estádio de futebol.
79 mortos, mais de mil feridos, após os adeptos do Al-Masry saltarem as vedações e lançarem um ataque aos adeptos do Al-Ahly, então treinado por Manuel José. O português, declararia mais tarde que não tinha dúvidas que se tratava de um ataque orquestrado. Na bancada norte, onde se encontravam os adeptos da casa, havia uma faixa enorme onde se podia ler em inglês: «Nós vamos matar-vos a todos». Manuel José, considera que a principio achou que a faixa não era dedicada aos adeptos do Al-Ahly, mas sim aos média estrangeiros. Contudo, quando percebeu a dimensão do avanço dos adeptos do Al-Masry à bancada dos forasteiros, não teve mais dúvidas a quem se dedicava a tétrica ameaça.
Entretanto foi informado que os portões haviam sido fechados por membros da claque local, com intuito de deixar os fãs do Al-Ahly indefesos e sem possibilidade de fuga.
Os locais avançaram munidos com facas, espadas, bastões, atirando pedras, garrafas de vidro e foguetes contra os adversários em pânico. Alguns traziam consigo armas de fogo, provocando o caos entre os forasteiros que ao tentar fugir, acabaram por esmagar muitos dos que ficavam encurralados contra os portões fechados.
A equipa do Al-Ahly, treinadores e dirigentes, fugiram, escondendo-se no balneário, sem contudo se livrarem de algumas agressões e de um susto de morte. Alguns adeptos refugiaram-se no balneário dos visitantes, que foi cercado pela multidão irada. Manuel José e Aboutrika afirmam que certos adeptos que estavam feridos e tinham sido recolhidos, acabaram por falecer dentro do balneário.
A confusão só terminou horas depois, quando a polícia pode finalmente pôr cobro à situação, controlando os ultras locais, que agiam em retaliação à perseguição que se diziam votados pelas autoridades, depois de terem sido parte integrante no movimento que um ano antes tinha ocupado a Praça Tahir no Cairo e ajudado à queda do regime de Hosni Mubarak.