Num dia marcado pela realização do voto antecipado, para as eleições legislativas deste ano, em Portugal, o Sporting foi quem aproveitou e antecipou-se, vencendo o Farense, num jogo eletrizante, por 3-2 e passando para a liderança isolada, à condição, do campeonato.
A escassas horas do importante Clássico entre FC Porto e Benfica e dias depois de vencer as águias, o Sporting entrava em ação e queria pressionar o rival encarnado. No lado leonino, Rúben Amorim promovia quatro alterações no onze titular, dando a titularidade a Esgaio, St. Juste, Nuno Santos e Daniel Bragança. Já do lado do Farense, José Mota também mexia e chamava ao onze inicial Talys, Claudio Falcão, Belloumi e Zé Luís.
5 ⚽ golos na época: melhor registo da carreira de Daniel Bragança
Golos Daniel Bragança numa época:
5: 2023/24🔝
4: 2019/20 (Estoril)
2: 2018/19 (Farense)
2: 2021/22 pic.twitter.com/hDrnP5jvB5
— Playmaker (@playmaker_PT) March 3, 2024
Privado do seu habitual maestro, Mattheus Oliveira (castigado), o Farense apresentou-se em Alvalade num 4x3x3, com três médios mais trabalhadores, mas isto foi rapidamente desfeito, uma vez que os dois extremos (Belloumi e Elves Baldé) acompanhavam os alas do Sporting para todo o lado e isso levava a que os algarvios formassem, quase sempre, uma linha de seis defesas (6x3x1). Havia, por isso, um aglomerado de jogadores forasteiros enormes na sua zona defensiva e o Sporting foi completamente autorizado a estar em ataque organizado.
Ora, apesar desse amontoado excessivo de jogadores, a verdade é que se notava a clara falta de rotinas posicionais do Farense com essa linha de seis e o Sporting ia conseguindo, com relativa facilidade, desmontar a defesa e encontrar o espaço que ia surgindo entre central e lateral. Foi, de resto, dessa forma que chegou ao golo, à passagem do minuto 11', por intermédio de Daniel Bragança, que aproveitou um corte defeituoso, após cruzamento de Esgaio na direita.
O golo sofrido pouco mudou a mentalidade do Farense, que continuava a limitar-se a apostar na transição e jogo direto, em busca da velocidade dos seus avançados, mas sem sucesso, fruto do bom controlo da profundidade do Sporting. Os leões aproveitavam e cresciam num jogo que se desenhava algo fácil, foram insistindo e, depois de duas bolas atiradas aos ferros (aos 24', por St. Juste, e 25', Talys, num corte), acabaram mesmo por ampliar, aos 29', pelo inevitável Gyokeres. O sueco antecipou-se à defesa e respondeu da melhor forma ao cruzamento de Pote na esquerda.
O golo de Belloumi tinha mudado o jogo e deixado tudo em aberto para a 2ª parte, mas o que alterou mesmo o rumo dos acontecimentos foi a mudança de atitude do Farense, que veio com a equipa dos balneários. Os Leões de Faro entraram com vontade de atacar e sufocaram os Leões de Lisboa nos primeiros cinco minutos. Zé Luís acertou na barra aos 48', Pastor quase marcava de livre aos 50' e nesse mesmo minuto Zé Luís confirmou o ascendente algarvio e marcou na sequência de um canto. A reação verde e branca não demorou, no entanto, a chegar e aos 53' as deambulações de Esgaio voltaram a surtir efeito e este serviu Pote para o 3-2.
Eletrizante, intenso, incerto. Quem olhasse para o jogo nesta fase nem o conseguia comparar com os primeiros 30 minutos. Apesar de tudo isso, Rúben Amorim fo fiel a si mesmo e, logo a seguir ao golo, começou a habitual rotação da equipa, fazendo entrar Quaresma, Trincão e Morita para os lugares de Matheus Reis, Pote e Hjulmand. Tinham saído jogadores importantes e entrado outros, mas isso pouco se fez sentir no Sporting - embora se continuasse a sentir a ausência de Coates no centro da defesa -, que continuava dinâmico e em ascendente, apesar dos sinais de vida do Farense.
A liderança antecipada chegou antes do Clássico. Será que se mantém depois?
Rúben Amorim voltou a rodar a equipa e não se sentiu, especialmente do meio campo para a frente, onde continuou com grande intensidade e qualidade. O ponto fraco foi a defesa, onde mais se notou a ausência de Coates para estabilizar a equipa.
O Farense já demonstrou esta época que é um osso duro de roer e voltou a demonstrá-lo contra o Sporting, mesmo sem algumas referências e entrando a perder por 2-0. Por isso, perguntamos, porquê entrar a defender com uma linha de seis? Às vezes, a melhor a tática é manter a identidade.