Sabemos que falar-se em justiça no mundo do futebol é um exercício arriscado, mas a verdade é que o triunfo do Inter de Milão frente ao Atlético de Madrid (1-0), em jogo a contar para a primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, parece adequar-se na perfeição ao que se assistiu no Estádio Giuseppe Meazza.
O conjunto orientado por Simone Inzaghi foi claramente superior, criou mais oportunidades e só não conseguiu um resultado mais dilatado porque foi extremamente ineficaz.
O Atlético, por seu lado, tem o mérito de, apesar de ter sido pouco efetivo na aproximação à área adversário, conseguir levar a eliminatória em aberto para a segunda mão.
Ainda que a expectativa fosse alta, os primeiros minutos de jogo desiludiram. As duas equipas apresentaram-se de forma muito semelhante (3-5-2) em campo e acabaram por se encaixar bastante, num cenário que não contribuiu para o espetáculo. Samuel Lino, com um remate cruzado que saiu ao lado, criou a primeira oportunidade do jogo, sendo que até aos 30 minutos as ocasiões de golo foram praticamente nulas.
A partir daqui, motivado pelo apoio do público, o Inter de Milão foi crescendo no encontro. De resto, até ao intervalo registaram-se quatro ocasiões para os nerazzurri, com Lautaro Martínez e Marcus Thuram em plano de evidência.
Apesar disso, o golo não apareceu e o francês lesionou-se mesmo num lance em que tentou incomodar Oblak com um remate à baliza.
Inzaghi chamou então Arnautovic a jogo, numa decisão que viria a revelar-se acertada. No entanto, o caminho até que este premissa se concretizasse foi longo e algo penoso. Duvida, caro leitor?
Logo aos 49', o internacional austríaco foi servido com mestria por Dimarco ao segundo poste, mas não conseguiu fazer melhor do que atirar por cima. Pouco depois, duas grandes ocasiões para o camisola 8: primeiro com um cabeceamento ao lado após cruzamento de Barella; depois, com um desperdício de todo o tamanho na sequência de uma excelente combinação com Lautaro Martínez.
A paciência dos adeptos para com Arnautovic parecia estar a terminar, isto na medida em que chegou a ouvir-se alguns assobios quando este tocou na bola após todas estas perdidas, mas tudo mudou aos 79'. A distância entre ser-se vilão e herói no mundo do futebol é curta e, depois de aproveitar uma defesa incompleta de Oblak a remate de Lautaro, o austríaco abriu o ativo com um remate de pé esquerdo, levando assim ao delírio os adeptos presentes no recinto.
Até ao apito final, o Atlético tentou subir linhas e insistir um pouco mais, mas o melhor que conseguiu fazer foi um remate ao lado protagonizado por Samuel Lino.
Com este resultado, os milaneses saem em vantagem para a segunda mão, ainda que a eliminatória esteja em aberto.
Ambiente digno de registo em Milão na noite desta terça-feira. Os adeptos do Inter disseram presente e mais do que encherem o recinto da sua equipa, fizeram questão de apoiar do início ao fim. No momento do golo, foi possível ver vários fãs bastante emocionados.
A reta final da primeira parte trouxe dores de cabeça tanto para Inzaghi como para Simeone, já que Marcus Thuram e José Maria Giménez tiveram de ser substituídos ao intervalo devido a problemas físicos. Falta perceber a extensão dos problemas.
É certo que István Kovács aplicou um critério algo apertado, mas teve o mérito de se manter fiel a ele de princípio a fim. Decidiu bem em praticamente todos os lances.