As dúvidas do Portimonense e as convicções do Estrela encontraram-se a meio caminho. O empate é a expressão lógica desse debate de ideias, mais frágeis do lado algarvio, mais certas no visitante estrelista. Um ponto de encontro.
Os golos de Ronald Pereira e de Dener, ambos de cabeça e antes do intervalo (1-1), deixam uns e outros razoavelmente satisfeitos. O Portimonense por, finalmente, aparentar sinais de crescimento e o Estrela por não deixar o Algarve de mãos a abanar, apesar do erro desnecessário no golo adversário.
Quatro pontos agora para os homens de Sérgio Vieira, dois para os de Paulo Sérgio, na fase em que os plantéis já sabem que os nomes no cacifo serão os mesmos até janeiro. Jogo interessante, durinho, e com uma bela arbitragem.
Saber o que quer. Esse é um bom princípio para escolher os bons caminhos e é o que mais distingue o Portimonense do Estrela. Os primeiros apalpam o terreno, têm fragilidades e inseguranças próprias de quem procura uma zona de conforto, por oposição aos estrelistas.
Não fosse o escandaloso falhanço de Ronaldo Tavares, a meio do segundo tempo e após erro horrível de Alemão, a esta hora estaríamos a escrever sobre uma vitória do Estrela.
Não é assim, mas é justo sublinhar a superioridade do Estrela em quase tudo. Por este caminho, lá está, a tranquilidade aparecerá rapidamente neste regresso à I Liga.
É uma maturidade made in Amadora.
Errático, temeroso, a errar no passe e na concentração. Início horrível do Portimonense, ultrapassado após os 30/35 minutos e o golo do regressado Dener, homem de muitos anos e muitas experiências nesta cidade de Portimão.
Mais vontade, mais genica, no meio de tantas mudanças e de opções de gestão mais do que discutíveis. O puzzle faz-se e desfaz-se, baralha-se, aparecem nomes de todos os lados, complica-se um trabalho que deveria ser de continuidade e equilíbrio.
Longe vão os tempos de Nakajima, Lucas Fernandez, Jackson, Beto, elementos de indiscutível valia em Portimão. Paulo Sérgio tem agora outros, uns mais convincentes (grande jogo de Carlinhos no segundo tempo) e outros incompreensíveis (Luan Campos nem um jogo tem pelo América Mineiro no currículo, só nos sub20).
O pontinho não fica mal a nenhum dos dois. Diferentes em quase tudo, iguaizinhos na capacidade de encontrar o golo.
Um Estrela melhor e mais enraizado, um Portimonense a procurar fugir da banalização. Está tudo certo.
Bela exibição do médio do Estrela, recrutado ao Mafra. Teve pormenores de luxo, a receber, driblar e entregar. O golo falhado, já muito perto do fim, ficar-lhe-ia muito bem. A relva não ajudou.
A mensagem de Paulo Sérgio não terá passado bem. A primeira meia-hora da sua equipa foi francamente má, cheia de erros técnicos e de decisão. O golo de Ronald Pereira recuperou fantasmas recentes e só uma bola parada foi capaz de acalmar o Portimonense.