Chama-se ao domingo que antecede a Páscoa o domingo de Ramos. A tradição diz que se oferecem ramos de flores às madrinhas. A realidade futebolística deste domingo traduziu-se num precioso ramo que Gonçalo levou a Roger Schmidt. Se para o parabenizar pela renovação, se para lhe agradecer o facto de estar a ser um autêntico padrinho na sua melhor época de águia ao peito, não se sabe. Mas, garantidamente, para benefício de um Benfica cada vez mais perto do título.
Num terreno onde, há largos meses, o FC Porto tinha perdido de forma clara, os perigos eram evidentes e as águias sentiram-no. Foi jogo duro, intenso e complicado, contra uma das equipas mais bem organizadas do campeonato e que nunca se amedrontou perante o poderio do líder. O triunfo foi, pois, vital para manter intacta a moral encarnada em vésperas da receção aos dragões, que pode servir de machadada final nas contas do campeonato.
Em várias situações o Benfica conseguiu recuperar a bola e acelerar, em quase todas a definição no último terço foi má. Assim se explica uma primeira parte com muitas aproximações e pouco perigo efetivo.
As falhas de uns estão explicadas, os méritos de outros ainda não. Com o meio-campo próximo da linha defensiva, Luís Freire tentou tirar o tal espaço que o Benfica costuma conseguir em futebol apoiado. Ainda que, convém dizer, não foi uma equipa somente expectante: sempre que pôde, o Rio Ave acelerou o jogo, mais pela velocidade de Fábio Ronaldo e Boateng à esquerda que pelo lado cerebral de Graça à direita. A sorte não lhes devolveu a audácia quando, à meia hora, Patrick William cabeceou ao poste.
50 segundos da segunda parte, marcador aberto e nova dinâmica de jogo em perspetiva.
Assistiu-se ao melhor período, com enérgica reação do Rio Ave, sem que o Benfica abdicasse de querer mandar no jogo. Momentos ofensivos nos dois lados, trabalho para os guarda-redes, mas resultado idêntico.
Depois, as alterações de parte a parte, a quebra típica que tal costuma proporcionar, e o recomeço da emoção: Rafa atirou por cima numa boa desmarcação, Boateng cabeceou por cima em excelente posição. Com o lado emocional mais evidente na bancada, os jogadores encarnados mantiveram a calma em boa parte do tempo, mas tremeram no fim, quando Hernâni obrigou Vlachodimos a defesa apertada e dois cantos animaram as hostes da casa.
De pouco serviu. A festa foi em tons de vermelho.
O Rio Ave desta vez caiu, mas abrilhantou a vitória do Benfica com nova excelente réplica. Corajoso, nada medroso e a colocar em sentido a equipa contrária várias vezes. Ombreou nas oportunidades e mostrou que a posição na classificação não é por acaso. A forma como Luís Freire tem elevado o nível de vários jogadores é notória.
Os encarnados fizeram uma primeira parte pobre, apesar das muitas chegadas à frente. A dinâmica existiu, só que a definição foi má e colocou o nível do jogo bem acima em termos de dificuldade. Valeu o regresso dos balneários.