Olé!

Só deu Argentina! No regresso da Finalíssima (leia mais sobre a prova aqui), a seleção albiceleste mostrou que não pode ser ignorada quando fizermos a lista de principais candidatos a vencer o Mundial. Messi fez, muito provavelmente, uma das melhores exibições da temporada e foi bem auxiliado por Di María e Lautaro Martínez. O trio foi decisivo na vitória da seleção de Scaloni sobre a Itália (0-3), campeã europeia que não vai estar no Mundial e que está claramente a atravessar um péssimo momento.

O coletivo e as individualidades

Mérito para Scaloni! Nos últimos anos, nunca a Argentina conseguiu ter este nível coletivo. Agora, a albiceleste não é um mero conjunto de bons jogadores que se juntam uma vez por outra para defrontar outras equipas. Agora, a Argentina tem uma identidade e essa identidade serviu para dominar uma Itália a passar por uma crise... de identidade.

Mancini não contou com nomes importantes devido a lesão - Verratti, Chiesa, Insigne, Immobile, Berardi e Zaniolo ficaram de fora por problemas físicos - e a seleção italiana teve sempre muitas dificuldades para suster a pressão da seleção argentina. Até Messi pressionou!

Messi esteve em noite inspirada ©Getty / Justin Setterfield

A nível ofensivo, a Argentina continua a deixar que os craques resolvam, algo natural tendo em conta a qualidade e entendimento entre os jogadores da frente, sobretudo Di María e Messi, que mostraram neste jogo aquilo que se esperava que tivesse acontecido em Paris. A seleção de Itália praticamente não respirou e quando tentou sair a jogar, Lo Celso roubou uma bola no último terço, Messi deixou Di Lorenzo a ver navios e entregou a Lautaro, que só precisou de encostar para o golo que a Argentina já fazia por merecer.

Nas bancadas, os adeptos deliciavam-se com os momentos de Messi e Di María, mas também foram importantes os cortes de Cristián Romero, a tirar um golo certo a Belotti, de Otamendi e o trabalho da dupla do meio-campo, composta por Guido Rodríguez e Rodrigo de Paul.

No fundo, quando o coletivo funciona, as individualidades sobressaem. Para azar dos italianos, as individualidades da Argentina não são nada más. Di María, na já tradicional picadinha, em cima do tempo de descontos da primeira parte, alargou a vantagem sul-americana e obrigou Mancini a mexer ao intervalo. Só que a seleção italiana praticamente não apareceu nesta final.

Olé!

Os adeptos argentinos (e outros que não os italianos) presentes em Wembley foram gritando «olé» desde as bancadas. Por vezes, esses cânticos parecem nem fazer grande sentido, mas o festival argentino pediu música a acompanhar.

Donnarumma, que não tinha ficado muito bem na fotografia do segundo golo por não ter saído da baliza, evitou o descalabro, mas os argentinos nunca quiseram saber do marcador porque num jogo com amigos às vezes isso pouco importa. 

©Getty / BEN STANSALL

De sorriso no rosto, deu para as simulações de Messi, os túneis de Di Maria e... as porradas de Di Lorenzo, claramente irritado com o pouco que a seleção italiana conseguiu mostrar durante toda a partida (e talvez também irritado pela forma como foi ultrapassado por Messi no lance do primeiro golo).

A segunda parte teve as suas oportunidades, mas nem estava a precisar de golos para ser mais entretida do que a primeira. Nos últimos minutos de descontos, Dybala acabou por fechar a contagem para a Argentina, que vence pela primeira vez uma equipa europeia desde a chegada de Scaloni. No Mundial, as equipas europeias e as restantes que se cuidem. A máquina argentina parece estar mais oleada do que nunca.