Esta noite vai ficar por muitos anos na memória dos adeptos do Vitória SC! Em mais um intenso dérbi minhoto, a equipa de Pepa agarrou-se ao apoio do seu público e, reduzida a dez unidades, conseguiu chegar ao golo para bater o grande rival SC Braga por 2x1. O destino tem destas coisas e Nélson da Luz, um jogador bastante acarinhado desde a sua chegada ao clube, saltou do banco para assumir o papel de herói.
Pepa tinha insistido bastante em pedir «atitude competitiva» aos seus jogadores, que não desiludiram e com uma notável entrega acabaram por receber um grande prémio já perto do final, no triunfo mais saboroso da época e um tónico que pode ser bastante importante para o resto da campanha. Por sua vez, o SC Braga seguiu a tendência de realizar uma pobre primeira parte e foi traído por alguns erros defensivos, num desfecho que abre possibilidades a nova fuga do Benfica no pódio.
A ausência de Mumin devido a castigo obrigava Pepa a mexer na sua defesa, no entanto, o técnico vitoriano não se ficou por esta alteração e apostou na estreia a titular do jovem Miguel Maga, no lugar que vinha a ser ocupado por João Ferreira. No lado Arsenalista, nota para a surpreendente saída do onze de Diogo Leite e uma rara aposta de Carlos Carvalhal em colocar Abel Ruiz e Vitinha em simultâneo no ataque.
Mesmo com o D. Afonso Henriques longe da sua lotação máxima, o dérbi começou quente - Tiago Silva viu amarelo cedo por protestos - e com o Vitória SC bastante intenso na pressão. Ao colocar Alfa Semedo numa posição mais subida que o habitual, Pepa foi capaz de anular o meio-campo adversário e criar muitos problemas à construção adversária, que sem soluções procurou bastante a profundidade e a velocidade de Vitinha.
O primeiro grande momento do jogo surgiu num remate perigoso de Tiago Silva, após um erro de Fabiano, claramente desinspirado. O camisola 88 do conjunto da casa acabou por estar ligado ao golo vitoriano, ao executar de forma perfeita um canto para o cabeceamento certeiro de Óscar Estupiñán, sempre forte neste tipo de lances. Guimarães em ebulição e o SC Braga castigado por mais um início cinzento de jogo, tendência da equipa nas últimas jornadas.
Após o tento, as paragens foram aumentando, ao aparecer a habitual pressão dos bancos e do público sobre a equipa de arbitragem neste tipo de confrontos. Com bola, o SC Braga continuava a revelar muitos problemas para ultrapassar a boa organização adversária, sendo apenas Vitinha o único Gverreiro a ter engenho para criar sérios problemas à defesa da casa. Num lance de muita raça, acabou por ganhar espaço a Jorge Fernandes e atirar para defesa de Bruno Varela, no ponto mais alto da curta produção ofensiva da sua equipa até ao descanso.
Cenário quase a papel químico do que tinha acontecido na última jornada, Carlos Carvalhal não perdeu muito tempo e recorreu em força ao seu banco para a segunda parte, com três mexidas onde colocou Yan Couto, André Horta e o menino Roger na partida. O impacto destas alterações foi rápido e, num futebol mais largo, os espaços que tinham faltado apareceram.
Ricardo Horta, bastante escondido do jogo até este momento, ganhou metros no flanco direito e serviu Vitinha para uma finalização com classe do avançado. A primeira falha de concentração da defesa vitoriana no jogo era penalizada, na 15ª partida consecutiva da equipa a sofrer. O duelo passou a estar lançado em novos e com a bola perto das balizas.
Após muitos "rodriguinhos" da defesa do SC Braga perto da sua área, Estupiñán recuperou a bola e ofereceu o 2x1 a Rochinha, que fez o mais difícil e atirou para uma decisiva defesa de Matheus, que redimiu-se da saída algo em falso no golo inaugural da partida. O ritmo estava alto e o Vitória SC voltou a ser traído pela concentração, com Alfa Semedo a ser expulso depois de calcular mal entrada sobre Abel Ruiz.
Num cenário onde a equipa de Pepa já tinha deixado bons sinais em outros jogos da época, os Conquistadores não desmoronaram a organização mesmo com menos uma unidade e até continuaram atentos a possíveis saídas em contra-ataque. Ainda assim, o SC Braga de forma natural ganhou poder na partida e o flanco direito continuou a ser a principal arma, através das combinações entre Yan Couto - perto do golo num remate cruzado - e Ricardo Horta.
O lance do ala foi mesmo o grande momento de perigo dos visitantes, que não encontraram facilidades para chegarem em força a zonas de finalização. As linhas foram subindo e o Vitória SC aproveitou para chegar ao 2x1 num golpe digno de Hollywood, com Nélson da Luz a finalizar de forma certeira após defesa incompleta de Matheus a cruzamento de Rúben Lameiras. Até ao final, os Conquistadores seguraram com todas das forças o triunfo, que não aparecia em casa desde 2015 contra o grande rival!
2-1 | ||
Óscar Estupiñán 18' Nélson Luz 90' | Vitinha 48' |
Pepa insistiu bastante em pedir «atitude competitiva» aos seus jogadores, que corresponderam da melhor forma nesse aspeto e foram premiados pela crença já perto do fim. Além disso, também é importante falar da boa estratégia montada pelo técnico, que ganhou a luta a meio-campo e permitiu aos Conquistadores anularem durante vários minutos o poderoso processo ofensivo adversário. A continuar assim, o Vitória SC tem condições para sorrir mais até ao final da época.
Uma situação a corrigir por Carlos Carvalhal. Tendência das últimas jornadas, o SC Braga voltou a realizar uma primeira parte bastante pobre, com falta de ideias e sem igualar a agressividade do outro lado. Se nas partidas anteriores a situação conseguiu ser resolvida após o descanso, desta vez as melhorias não foram suficientes para os Arsenalistas serem felizes.
Nunca é um jogo fácil de arbitrar, mas António Nobre acabou por ter um deslize importante no jogo. A expulsão de Alfa Semedo não merece muita contestação, contudo, parece ter perdoado o segundo amarelo numa entrada arriscada de Bruno Rodrigues, que voltaria a igualar as equipas em unidades no relvado.