Que dia de emoções fortes... se a luta pelo último lugar europeu tinha sido alucinante, a luta pelo último do pódio não lhe ficou atrás. Em despedida da Pedreira à época 2019/20, o SC Braga bateu o campeão FC Porto, marcou dois golos... e ainda pôde festejar mais dois golos a mais de 360 quilómetros, um deles bem lá no final. O bronze é dos guerreiros, que vão diretos para a fase de grupos da Liga Europa e juntam este último feito à Taça da Liga conquistada em janeiro.
Sem poupanças no onze e muito competitiva no arranque, a equipa de Sérgio Conceição marcou muito cedo por Uribe (lesionou-se no lance) e viu outro golo ser anulado no primeiro tempo, mas o segundo tempo foi de festa minhota: golos de Ricardo Horta e Fransérgio que acabaram por valer mesmo o lugar sonhado e um pleno de vitórias contra o FC Porto numa época que só pode ser vista como sendo de sucesso, apesar da roda viva de treinadores.
Impulsionado pela goleada por 6x1 frente ao Moreirense, o FC Porto começava por mostrar que não é por o título estar garantido que era tempo de abrandar, até porque Coimbra (até um dia, Jamor) está à vista e acontece já daqui a uma semana. Mais uma vez não houve gestão, ou poupança - chame-se o que se quiser -, apenas trocas cirúrgicas: Diogo Leite pelo desgastado Mbemba, Uribe a reforçar o meio-campo por troca com Fábio Vieira, Soares pelo castigado Marega. E Diogo Costa na baliza, outra vez, porque será com naturalidade o dono do lugar na final.
Já sem o lesionado Rui Fonte, Artur Jorge colocou Fransérgio com a missão de deixar Paulinho menos sozinho na frente, enquanto o ponta-de-lança ainda procurava a distinção de melhor marcador da Liga. Os minhotos vestiam o fato de gala nesta última noite de gala, contra um adversário que tinham já vencido por duas vezes esta temporada, prontos para o vencer pela terceira vez.
Ser a equipa com menos pressão pareceu ajudar o FC Porto numa primeira fase, porque os dragões trocavam a bola com tranquilidade e controlavam o jogo na etapa inicial. O marcador mexeu cedo, muito cedo, num lance em que Corona cruzou e Uribe apareceu para finalizar e dar início a uns festejos interrompidos rapidamente... não por qualquer intervenção do VAR, o golo valia mesmo, mas porque o colombiano saiu lesionado do lance e teve que sair de campo logo aos 12 minutos, seis depois desse golo inaugural, rendido por Sérgio Oliveira.
Donos e senhores da posse de bola nessa fase, sem concederem tempo ou espaço para que os bracarenses construíssem, os dragões mantinham o jogo longe de Diogo Costa, enquanto mostravam mais uma vez uma boa dinâmica coletiva... mas a vantagem mínima sabia-lhes a pouco, e isso sairia caro. Soares não conseguiu finalizar sob a pressão de David Carmo, Telles bateu um livre forte que Matheus agarrou... Sérgio Oliveira conseguiu atirar a bola lá para dentro, mas o árbitro invalidou.
Bem aquém das expectativas na primeira parte, pedia-se mais à equipa de Artur Jorge no objetivo de ombrear com o campeão nacional e terminar a noite com motivos para festejar. Não vimos o que aconteceu no balneário, mas o que vimos foi um Braga com uma presença bem diferente na entrada para a segunda metade, em busca do tal bronze, contra um FC Porto em quebra, ao contrário do que tem acontecido nas segundas partes pós-retoma.
Mais dois jovens entraram para os da casa ao intervalo - Fabiano e Samuel Costa -, Zé Luís voltou a um relvado mais de um mês depois (saiu Soares) e passou a ser o Braga a mostrar a atitude e a garra que até então lhe faltava. Com menos de dez minutos jogados no segundo tempo, Ricardo Horta levou a crença ao banco do Braga, atirando em força à entrada da grande área, fazendo a bola desviar em Manafá e rumar ao fundo da baliza de Diogo Costa.
Era possível, acreditavam os minhotos, o Sporting continuava a perder no dérbi, e também por isso o que aconteceu aos 66' levou a euforia até às casas dos adeptos bracarenses: Fransérgio atirou com força ao poste e depois de umas trocas entre colegas viu a bola chegar-lhe de novo aos pés, prontinha para ser enviada para a baliza e consumar uma reviravolta que recompensava a mudança drástica de atitude, contra um FC Porto demasiado desligado do jogo nessa segunda metade, na qual Diogo Costa ainda teve que se mostrar para evitar um desfecho pior.
O Sporting até empatou entretanto em Lisboa, mas se os dois golos minhotos tinham sido festejados com euforia pelos homens de Artur Jorge, um outro golo marcado na capital não ficou atrás... e assim, depois de um compasso de espera que se seguiu ao (último) apito final de Jorge Sousa, houve mesmo festa no relvado.
A época do SC Braga:
— playmakerstats (@playmaker_PT) July 25, 2020
➡54 jogos
➡33 vitórias
➡8 empates
➡13 derrotas
➡105 golos marcados
➡64 golos sofridos
➡3.º lugar Liga🥉
➡Vencedor Taça Liga🏆
➡Dezasseis avos final Liga Europa
➡Oitavos final Taça
➡4 treinadores (Sá Pinto, Rúben Amorim, Custódio, Artur Jorge) pic.twitter.com/xEtmeVEjaH
Um SC Braga completamente diferente para lá do intervalo, a mostrar a garra que tinha faltado antes e que deixou os minhotos de olhos postos no terceiro lugar. A equipa de Artur Jorge marcou dois, ainda obrigou Diogo Costa a intervenções complicadas e saiu com o prémio no final.
O médio inaugurou o marcador pouco depois do apito inicial mas lesionou-se no lance. Tentou continuar em campo, mas acabou substituído. Também o extremo sairia devido a problemas físicos, sendo que ambos ficam agora em dúvida para a final da Taça.