Depois de praticamente um mês de interregno, a Liga NOS regressou esta sexta-feira com um duelo entre Paços de Ferreira e Rio Ave que não teve qualquer golo. O Paços de Ferreira entrou no jogo com muita atitude mas não finalizou, Nuno Santos tropeçou na melhor ocasião do Rio Ave na segunda metade.
Frente a frente, uma equipa em zona de despromoção e uma equipa em aparente tranquilidade na tabela. Mas afinal qual era qual? Com a bola a rolar, as diferenças não só se esbateram como se inverteram: um Paços com muita personalidade a obrigar o Rio Ave a jogar retraído e com dificuldades constantes na construção. A exercer pressão alta e com capacidade para fazer a bola circular, entre Diaby, Luiz Carlos, Pedrinho e os extremos, a equipa de Pepa aproximava-se desde muito cedo da baliza de Kieszek.
Só pelo desacerto de Welthon o marcador não começou a mexer nos primeiros minutos, tal como não mexeu durante todo o jogo. O brasileiro teve duas ocasiões logo no arranque, primeiro a cuzamento de Bruno Santos e depois ao roubar a bola a Aderlan, mas em ambas falhou a baliza. Quando a bola lhe chegava aos pés mais longe da baliza, Welthon perdia-a quase sempre, mostrando de novo estar longe dos melhores tempos de goleador vividos na Capital do Móvel.
Tarantini e Filipe Augusto, responsáveis pela primeira fase de construção rioavista, deparavam-se com dificuldades constantes e para que a bola chegasse à frente de ataque a equipa começava a depender demasiado de bolas longas, confiando no bom domínio de, por exemplo, Mehdi Taremi, que jogava sobre a esquerda... e que classe do iraniano a lançar os companheiros, como quando entregou a Bruno Moreira e o ponta-de-lança rematou contra um adversário ou quando deixou Diego Lopes perto do golo mas Marco Baixinho apareceu a salvar.
Era na altura dessas ocasiões, já pela meia hora, que o Rio Ave lá se começava a mostrar, ainda que longe daquela equipa que, por exemplo, já por duas vezes bateu o Sporting nesta temporada. Também não foi o cruzamento de Diego Lopes que ainda fez a bola bater na barra, em cima do intervalo, que fez com que o Rio Ave assumisse o controlo do jogo.
Podia ter sido Bruno Moreira, logo depois do arranque da segunda metade. Num lance em que, por fim, a equipa de Carlos Carvalhal conseguiu descobrir espaço nas costas da defesa pacense, o avançado desperdiçou na cara de Ricardo Ribeiro, enquanto o árbitro anulava o lance por posição irregular.
Carvalhal terá dado indicações aos jogadores ao intervalo, porque na segunda metade o Paços não teve tanta facilidade a circular a bola. O Rio Ave, que foi mexendo ao longo dos 45 minutos com entradas de Carlos Mané, Ronan e Jambor, conseguia ameaçar em velocidade e teve uma ocasião soberana de golo quando Nuno Santos conseguiu ultrapassar o guarda-redes Ricardo Ribeiro... e tropeçou no momento de encostar.
Não foi o único trambolhão de relevo, porque antes disso tínhamos visto Uilton ser derrubado por um adversário na grande área rioavista, num lance em que Tiago Martins assinalou um fora-de-jogo de Welthon que as imagens televisivas não justificam. Um erro grave da equipa de arbitragem, que pouco antes tinha mandado jogar num toque involuntário com o braço de Marco Baixinho.
O Paços de Ferreira também foi mexendo na partida, com Pepa a apostar em Douglas Tanque para tentar compensar a fraca produtividade de Welthon, mas o homem vindo do banco também não conseguiu ser eficaz quando, já nos últimos dez minutos, atirou forte mas sem pontaria perante Kieszek, num dos últimos lances de um jogo a zeros que dá um ponto a um Paços aflito.
É o Rio Ave que tem ambições mais altas, mas durante boa parte do jogo foi o Paços que se sobrepôs. A equipa de Pepa exerceu pressão alta sobre o adversário desde muito cedo e isso permitiu-lhe ter algum controlo da partida durante largos períodos.
Welthon foi a face mais visível do desperdício logo no arranque, mas houve também a infelicidade de Nuno Santos, que depois de ter ultrapassado o guarda-redes do Paços atrapalhou-se com a bola. Assim... continuam as saudades dos golos no campeonato.
Na nossa ótica há um erro grave ao deixar passar um penálti a favor do Paços de Ferreira, tendo sido assinalado fora-de-jogo inexistente a Welthon. A equipa de arbitragem foi ainda algo permissiva no capitulo disciplinar.