Em noite de trovoada, dois raios dividiram os pontos

Vitória de Guimarães e FC Famalicão reencontraram-se 25 anos depois e o espetáculo prometido não se ficou pela metade, a não ser na divisão de pontos (1x1). Duas formas distintas de chegar ao golo, com os vitorianos mais abundantes nas ocasiões e os famalicenses senhores de um maior pragmatismo, redundaram no mesmo destino. 

Uns com bola, outros com as oportunidades

Os primeiros 45 minutos no D. Afonso Henriques foram um bom exemplo de um dado inversamente proporcional. Se o FC Famalicão teve mais tempo a bola nos pés (60 por cento de posse), o Vitória de Guimarães soube fazer melhor as coisas quando a tinha, ainda que o golo só tenha surgido depois do intervalo.

Mais pragmáticos e com um sentido ofensivo à imagem de Ivo Vieira, os vimaranenses exploraram muito bem os corredores onde Davidson e Rochinha aceleravam o jogo. No entanto, das duas vezes que o poste travou o golo vitoriano, os lances nasceram de planos diferentes. Aos sete minutos, Bruno Duarte cabeceou na sequência de um canto; aos 38' foi um remate de meia distância de Poha a bater no ferro.

Pelo meio, várias tentativas que nunca traíram Defendi na baliza dos famalicenses, que só aos 36 minutos foram capazes de causar frisson na área do Vitória de Guimarães. O remate de Fábio Martins, com uma trivela "registada" por Quaresma, proporcionou um belo voo para a fotografia de Douglas, numa noite em que o céu de Guimarães foi rasgado por uma forte trovoada.

Recompensa chegou após a troca

Do céu para o relvado, o raio vitoriano lá acertou no alvo aos cinco minutos da segunda parte. Contra-ataque rápido, Davidson com tempo e espaço na esquerda para o cruzamento e um movimento de rompante de João Carlos Teixeira, que de cabeça bateu Defendi para a vantagem dos homens da casa.

Um golo que premiava, sobretudo, a boa primeira parte do Vitória de Guimarães e que antecedeu novo brado dos céus, quando a chuva voltou a cair com intensidade e a trovoada tirou a luz a alguns dos focos nos postes de iluminação. Ao contrário daquilo que acontecia na vizinha Barcelos à mesma hora, o jogo não parou e o Famalicão foi à procura de uma reação.

Fábio Martins, à segunda

Sem ter incomodado muito Douglas, à semelhança da primeira parte, o Famalicão mostrou que não precisa de abundância para fazer render o "peixe". À segunda boa oportunidade no encontro, o golo do empate. Toni Martínez arrancou em velocidade bem antes do meio-campo, tabelou com Fábio Martins, que depois de um corte de Victor García ficou com a baliza escancarada para o golo. 

O empate dos visitantes teve o condão de mudar o padrão do jogo, tornando-o mais esquizofrénico e imprevisível. Continuou o Vitória de Guimarães mais ativo e produtivo, mas a formação de João Pedro Sousa até podia ter saído do "Castelo" vitoriano com os três pontos, mas Douglas opôs-se brilhantemente a Anderson Oliveira no um contra um. 

Houve emoção até ao fim, mas o empate segurou-se. O Vitória de Guimarães continua sem vencer (dois pontos em dois jogos), enquanto o Famalicão ainda não perdeu neste regresso ao convívio dos grandes (7 pontos em três partidas).